Patricia Villela Marino , presidente do Instituto Humanitas360 (H360), entidade que trabalha em diversos países das Américas para diminuir a violência e melhorar a qualidade de vida da população, falou durante o segundo dia do evento Family Business Innovation sobre as ações de reintegração social com presidiários desenvolvidas pela organização filantrópica.
“Nosso sistema penitenciário é a nossa senzala de séculos atrás. Os vários séculos de escravidão e poucos de liberdade ainda não foram suficientes para fazer a transição daqueles que estavam segregados naquele momento para os que estão segregados neste momento.” A afirmação é da empresária e empreendedora Patricia Villela Marino, presidente do Instituto Humanitas360 (H360), entidade com atuação em diversos países e que no Brasil desenvolve um trabalho de reinserção social com presidiários para que não retornem à criminalidade.
Existe no País, disse, uma subclasse, uma sociedade quase de castas, resultado de um enorme problema de segregação racial e da falta de educação e de políticas públicas para oferecer uma rede de proteção para as pessoas que saíram de um sistema de transição e de submissão. É essa subclasse que é encontrada no sistema penitenciário brasileiro.Segundo ela, 60% das quase 800 mil pessoas presas são negras ou pardas.
“Não posso acreditar que exista uma vocação étnica, de DNA, para que pessoas que não sejam brancas tenham propensão a cometer delitos. Mas posso acreditar, sim, que a perpetuidade de uma situação de segregação possa causar a impossibilidade de acesso à educação, de acesso ao desenvolvimento cerebral e nervoso que tivemos”, ponderou.
Patricia Villela Marino acredita numa filantropia com metodologia, que se desafia, promotora de políticas públicas ou de alteração das políticas públicas existentes. “É a filantropia que quebra paradigmas, alinhada a propósitos e compromissos e atrativa de investimentos em longo prazo e de transformações culturais.” E é exatamente essa filantropia que a Humanitas360 representa.
A Humanitas360 tem se dedicado a levar o capitalismo de stakeholder, como os americanos chamam, ou capitalismo participativo, para dentro de lugares jamais imaginados, como as penitenciárias. Por meio de cooperativas sociais criadas dentro do cárcere, os presos estabelecem vínculos.
E, quando eles saem, continuam sendo cooperados e desenvolvedores de seus próprios negócios, tendo o acompanhamento da entidade, para que não sejam novamente cooptados para a vida de crime e para que não causem gastos desnecessários aos cofres públicos. Gastos esses que poderiam ser usados em programas de educação, saneamento básico, inovação, ao invés da reincidência criminal, destacou Patrícia Villela Marino.
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