“Não fuja do problema, abrace-o”, recomenda Amyr Klink
O navegador brasileiro Amyr Klink já enfrentou o mar, o gelo, as tempestades e também a burocracia da diplomacia internacional
“Só existem dois jeitos de viajar. Você pode escolher um destino e ir como passageiro ou você pode escolher os meios, a hora de partir e seguir como condutor, enfrentando os desafios do caminho, sem saber com certeza a hora em que vai chegar”, disse Amyr Klink, navegador brasileiro que já circundou o globo. Ele escolheu a segunda opção e, durante o Family Business Innovation 2019, compartilhou com fundadores e herdeiros de empresas familiares suas experiências e aprendizados.

O navegador Amyr Klink, em sua palestra no Family Business Innovation 2019, afirmou que os filhos precisam ser motivados a construir suas próprias experiências
Economista formado pela Universidade de São Paulo (USP), o jovem Amyr Klink foi atraído pelo remo na época da graduação. “Nesse esporte, o principal é a união, é isso que faz um time vencer”, destacou.
Em seu primeiro grande feito – a travessia do Atlântico em um barco a remo, saindo de Lüderitz, na Namíbia (África) e chegando à Praia da Espera, na Bahia –, o navegador recebeu um conselho que segue até hoje. Estudando as tentativas de travessia anteriores, ele descobriu que elas fracassavam porque o barco capotava e o navegador não conseguia mais subir. “Projetei um barco que não capotasse”, conta ele.
“Foi então que um professor me chamou e disse que eu estava errado, eu estava fugindo do problema e, para vencer, eu deveria abraçar o problema.” Na travessia, ele iria enfrentar ondas de mais de 15 metros de altura, que certamente jogariam o barco para baixo e ele iria capotar – era preciso um barco feito para capotar, e virar de volta em seguida.
Com um novo projeto, sua aventura foi um sucesso. Fez a travessia em 100 dias e seis horas. “Quando cheguei, sentia uma satisfação diferente: era a primeira vez que eu cumpria um plano, um projeto ao qual me dediquei inteiramente, que exigiu esforço, preparação”, comenta. “Mais do que isso, eu consegui terminar o projeto antes do prazo! Cheguei cinco dias e oito horas antes do previsto.”
Para realizar a travessia, Amyr Klink teve de vencer desafios que não tinham nenhuma relação com o mar: o inferno burocrático e as limitações financeiras. Foram dois anos de idas e vindas, com diversas dificuldades diplomáticas, até que todos os requisitos necessários estivessem cumpridos e todas as autorizações assinadas.
Suas experiências em situações limite fizeram Amyr Klink repensar muitas das ideias preconcebidas. Hoje, ele compreende que patrimônio se avalia com as histórias de cada um, suas experiências – e que, por mais que sejam contadas e compartilhadas, elas não podem ser passadas aos filhos.
“Precisamos ensiná-los a construir as próprias experiências”, garante o pai das três aventureiras Marina, Laura e Tamara.
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