Investimentos alternativos ganham força nas carteiras familiares
Investimentos alternativos ajudam a diversificar o portfólio e a proteger o patrimônio das oscilações de mercado
Paz Ambrosy, professora da IE Business School, founding partner do Global Institutional Investors (GII) e uma das consultoras de investimentos mais influentes do mundo, costuma dizer que não há fórmula mágica para ganhar dinheiro, mas deve-se levar em conta os investimentos alternativos.
“Na hora de investir, um dos erros mais comuns dos Family Offices é achar que serão bem-sucedidos em qualquer negócio. Outro é colocar seu capital em negócios que não conhecem, não entendem a geração de caixa e que não oferecem uma gestão transparente”, diz ela.
O conselho da especialista para mitigar riscos é diversificar investimentos, por meio da alocação de recursos em várias classes de ativo. Hoje há diversas oportunidades para ir além das ações e dos títulos de renda fixa. Os investimentos alternativos são uma das tendências.
Diversificando Investimentos
As baixas taxas de juros por tempo prolongado e a maior volatilidade dos mercados têm provocado uma busca pela diversificação – e também por um impulso nos rendimentos.
Por isso, os investimentos alternativos ganharam força no último ano. Mais de 40% do capital investido pelos Family Offices está nesse tipo de ativo (houve crescimento de 1,4% em relação ao ano passado).
A rentabilidade justifica essa preferência: os private equities, por exemplo, obtiveram os melhores resultados entre todas as classes de ativos em 2019, com retorno médio de 16% em investimentos diretos e 11% em opções fund-based.
Alternativos, basicamente, são classes de investimento que fogem às modalidades tradicionais: ações de empresas listadas em bolsas de valores, títulos públicos, moeda, metais preciosos e commodities. Incluem-se aí principalmente os investimentos em empresas de capital fechado, em imóveis e infraestrutura.
Os private equities são os mais conhecidos e fazem parte da carteira de 81% dos Family Offices.Venture capital, seed money e também os search funds são algumas das possibilidades. “O Brasil foi um dos países que adotou cedo os fundos de venture capital em muitas áreas de inovação – gestão ambiental, agricultura, tecnologia, sistemas de pagamentos e diversos outros setores”, destaca Ambrosy.
Para a especialista, essa foi uma nova maneira de gerar emprego e impulsionar os negócios. Mas assim como nas demais culturas latinas, há no Brasil uma mentalidade muito centrada no fluxo de caixa, que torna mais lenta a captação de recursos.
“Ao final do processo, o resultado é positivo, porque os empreendedores se concentram no negócio e não na próxima rodada de aportes financeiros. Então, as startups acabam atingindo o break even point (ponto de equilíbrio, quando param de dar prejuízo, embora ainda não sejam lucrativas). No fim do dia, estarão mais preparados para sustentar o negócio no longo prazo”.
Mercados Emergentes
Os search funds também são uma boa perspectiva em mercados emergentes, garante Ambrosy. Há seis deles em atividade no Brasil. O País concentra um grande número de empresas tradicionais, de pequeno e médio portes e muitos de seus donos não contam com herdeiros capacitados ou interessados em dar segmento à empresa.
“O risco de vendê-las é de que elas podem desaparecer. Por isso, os search funds são uma ótima oportunidade para manter a empresa, os empregos, e fazê-la crescer”, afirma.
Nessa classe de investimento, além do aporte financeiro, há um empreendedor à frente do negócio – um profissional muito bem formado que vai impulsionar aquela empresa. Num período de cinco anos, ele organiza o negócio a partir de diferentes perspectivas da administração, para torná-lo lucrativo. E então a vende.
Paz Ambrosy avalia que os investidores brasileiros possuem boas credenciais para obter sucesso em investimentos alternativos.
“Vocês são mais conscientes do que investidores provenientes de mercados maduros. São mais prudentes com seus aportes, lidam melhor com as incertezas, têm mais conhecimento sobre situações de crise e são melhores em programar investimentos”, acredita a especialista.
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