Equidade, Inclusão e Psicologia Positiva foram assuntos apresentados por Hugo Nisembaum, mestre em ciências do Comportamento e Desenvolvimento Organizacional, no FBFE Mulher 2021. Os temas são importantes não só para o desenvolvimento dos líderes, mas também dos colaboradores.
Hugo Nisembaum começou sua palestra citando um artigo do especialista em Liderança americano, Jack Zenger. Ele escreve para a Forbes e para a Harvard Business Review. Na publicação, de 2019, Jack descrevia a capacidade das mulheres e a falta de reconhecimento do potencial delas.
Ele fez pesquisas a partir de 2012 em que se perguntava se algum dia as mulheres conseguiriam assumir cargos de responsabilidade no governo dos Estados Unidos. Para a surpresa dele, kamala Harris assumiu a vice-presidência do seu país.
No artigo de junho de 2019 na Harvard Business Review Women, Jack constatou que as mulheres conseguem ter melhor desempenho do que os homens em vários aspectos. Isso é comprovado estatisticamente. Elas têm vantagem na integridade, construção de relacionamento, desenvolvimento de outras pessoas, orientação a resultados, resiliência, e inspiração aos colegas.
Estes aspectos são importantes não só para o desenvolvimento dos líderes, mas também dos colaboradores. “Com o levantamento, fica evidente que a maior participação das mulheres poderá contribuir fortemente para as empresas. Vai representar a mudança que levará a uma cultura mais inclusiva. Todavia, há alguns aspectos que as mulheres têm de prestar atenção”, explica Hugo Nisembaum.
Segundo ele, as mulheres não são tão generosas quando fazem análises de si próprias. Elas apresentam níveis menores de confiança do que os homens até os 25 anos de idade. Esse nível de confiança só é igualado quando chegam aos 40 anos.
Então, a pergunta que fica no ar é: como os aspectos positivos da liderança das mulheres impactam no processo de transformação digital ? Para responder essa questão, Nisembaum apresentou dados de um artigo do MIT de 2020, sobre liderança na era digital.
Os números mostram que temos que incorporar as habilidades digitais, mas questionam sobre os comportamentos de liderança necessários para essa transformação. Quais normas culturais necessitaremos para o novo mundo que está aí? A partir disto, muitas outras perguntas surgiram, como:
Quais comportamentos de liderança eram eficazes no passado das organizações, mas agora são prejudiciais? Quais comportamentos que passaram despercebidos até cinco anos atrás, e agora são importantes para um líder? Quais comportamentos e atributos de liderança sempre foram importantes, ainda são e serão permanentes nas organizações?
Estas indagações trazem para uma análise em três dimensões: comportamentos que perderam valor, que seguem valorizados e que ganham valor.
Os comportamentos que perderam valor são aqueles de comando e controle, com pouca transparência, gestão de cima para baixo. São micro management, com planos rígidos de longo prazo e abordagem “one size fits all” (a mesma medida para todos).
Os comportamentos que seguem valorizados são baseados em: visão clara, foco em resultado, centrado no cliente. A liderança é pelo exemplo, com foco na integridade ética, em assumir os riscos e liderar mudanças.
Já os comportamentos que ganharam valor incluem: ser guiado por propósito, tomar decisões baseadas em dados, ter autenticidade e empatia. Também se caracterizam pela abordagem inclusiva, estímulo a autonomia, e trabalho além dos nichos.
Ao olharmos para os comportamentos que perderam valor, constatamos que pertencem a uma cultura patriarcal, quase da Revolução Industrial. Atualmente é necessário ter uma liderança muito mais distribuída. Isso exige colaboração e complementariedade, ou seja, uns somando-se aos outros.
“Aqui entra a psicologia positiva, com o foco de identificar, promover e manifestar o melhor em cada um. Isso quer dizer, dar a oportunidade para as pessoas se manifestarem”, reforça Hugo Nisembaum.
Ainda nos deparamos com modelos antigos, que pesam sob nossas costas, baseados no déficit, em pré-conceitos e estereótipos. Nesses modelos o que tenta-se é definir perfis ideais que de fato não existem. Ao invés de valorizar a contribuição que a pessoa pode trazer, a tendência, nesses casos, é estabelecer perfis com estereótipos difíceis de apagar.
Hugo Nisembaum introduz várias mães que são pesquisadoras fantásticas e têm trazido uma contribuição significativa para a psicologia positiva. Mas afinal, qual a sua vantagem dentro das organizações?
Segundo o especialista, a psicologia positiva ajuda a identificar talentos, reconhecer habilidades, olhar o que a empresa tem de melhor. Isto contribui para uma abertura e um clima de confiança, fundamentais para se criar um ambiente colaborativo.
“Colaboração talvez seja a tecnologia mais disruptiva porque é a mais difícil de conseguir. O estudo do MIT e os dados de Jack Zenger são um claro indicativo de que as transformações nas formas de trabalho valorizarão a participação das mulheres. Isso se dará não só pela equidade, mas por uma questão de inteligência, com a garantia de maior espaço para elas”, finaliza Hugo Nisembaum.
**Hugo Nisembaum é consultor nas áreas de Identificação e Gestão de Talentos, Desenvolvimento Gerencial, e Educação Corporativa e o fundador do Mapa de Talentos, 1ª Metodologia de Identificação e desenvolvimento de Talentos com base na Psicologia Positiva criada na América Latina.
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