Sua empresa estará viva nos próximos 10 anos?
A expectativa de vida de uma empresa caiu 60 anos em oito décadas. Segundo estudos da Standard & Poor’s, em 1937 o tempo médio de vida de uma companhia era de 75 anos. Hoje, o indicador está em 15 anos. Em apenas dois anos, até 2020, três quartos das maiores companhias do mundo serão empresas que não existem ou não são conhecidas hoje.
O livro “Gestão do Amanhã – Tudo o que você precisa saber sobre gestão, inovação e liderança para vencer na 4ª Revolução Industrial” – é a primeira obra brasileira a explorar os impactos da 4ª Revolução Industrial nos negócios. Apresenta, ainda, estudos mostrando que mais de um terço das competências requeridas para as profissões consideradas relevantes até 2020 não são vistas como fundamentais atualmente. E que 45% das tarefas executadas por seres humanos hoje serão automatizadas no futuro. A obra analisa, também, a forma como companhias já estabelecidas estão inovando em um ambiente tão incerto e, ao mesmo tempo, competitivo.
José Salibi Neto, coautor do livro Gestão do Amanhã. Créditos: site oficial do autor
José Salibi Neto, que participa das rodadas de palestras no FBFE em 2018, fala sobre sua obra em entrevista exclusiva para o blog:
FBFE: como surgiu a ideia do livro?
José Salibi Neto: Na verdade era para ser um artigo contando a história do pensamento gerencial, desde a invenção da máquina à vapor – que causou a primeira revolução industrial – até a era das plataformas digitais e novas ciências, caminhos que nos levaram à quarta revolução industrial. Mas, quando chegamos aí, vimos que deveríamos ir mais a fundo e mostrar como o mundo empresarial mudou, quais seriam as novas maneiras de pensar em estratégia, novas habilidades de liderança e nova educação.
FBFE: Quais as referências utilizadas para escrevê-lo?
JSN: Foram nossas próprias observações sobre a nova economia e o que os profissionais e empresas teriam que fazer para vencer nela. Também nos baseamos em livros como “Organizações Exponenciais, Plataforma – A revolução da estratégia e Oportunidades Exponenciais”.
FBFE: Como vocês verificaram a chegada da 4a. Revolução Industrial?
JSN: A 4a. Revolução Industrial é marcada pela convergência do mundo físico-biológico-digital. As mudanças no mundo da gestão são muito grandes, mas as pessoas não compreendem de onde elas aparecem. Costumam achar que é coisa de algum gênio com um celular, que mudou o mundo com aplicativos, mas tem muito por trás disso.
Vivemos num mundo, numa sociedade, completamente diferentes do que foi vivido algum tempo atrás e desenvolvemos uma serie de competências que todo líder precisa ter hoje para vencer o que se chama mundo exponencial.
A quarta Revolução Industrial é mais abrangente e profunda do que todas as outras. Há inovações e desenvolvimentos coexistindo em diferentes áreas, como na física, biologia, robótica e inteligência artificial, nanotecnologia, entre tantos outros segmentos.
Todas essas transformações causam mudanças intensas na sociedade e, por consequência, um impacto importante no mundo dos negócios. A grande questão é: nesse mundo em ebulição, precisamos rever a forma como enxergamos e gerenciamos negócios.
FBFE: Quais os maiores desafios relacionados a essa 4a. Revolução Industrial?
JSN: A questão da tecnologia nunca foi tão importante como é agora. Muito se deve à Gordon Moore, fundador da Intell, que lançou o microchip e, com isso, multiplicou o poder da tecnologia, do processamento de dados. A partir dessa tecnologia tudo mudou no mundo. As empresas que não tiverem como prioridade a tecnologia, tenderão a morrer. Algumas contam com tecnologia, mas não sabem usá-la. Esse pensamento de grandes fábricas, de propriedades físicas, de grandes recursos já não existe mais. Vivemos num mundo onde os dados são petróleo (numa referência ao valor), onde as interações são a riqueza da empresa. Não tem mais como focar somente no material.
A tecnologia sempre nos ultrapassa. Não basta ter as qualidades do passado: honestidade, comunicação, gestão de pessoas. Hoje, isso é uma entrada. A tecnologia exige uma forma muito rápida de acompanhá-la. A Xerox, por exemplo, foi uma empresa que inventou a indústria da computação, a interface gráfica, o mouse. Steve Jobs percebeu o que eles tinham feito e criou a Apple.
É preciso descartar tudo o que já não serve, como metodologias velhas e entender empresas que souberam fazer a transição. Não só as internacionais, como Google, Facebook, mas também as nacionais, como o Magazine Luiza, que se transformou num Market Place com loja física.
As mudanças operacionais – criar empresas fora das empresas – são extremamente necessárias para se colocar no mercado digital e ter uma visão externa.
FBFE: A educação da forma como vem sendo oferecida nas escolas de administração e negócios estão obsoletas, segundo sua avaliação?
JSN: A questão da educação também precisa ser reformulada. O ensino ainda funciona de forma linear, quando deveria estar sendo tratado de forma exponencial. Hoje você manda um filho para uma escola de administração e ele vai sair obsoleto. Pior talvez do que quando entrou. Em um mundo cada vez mais fragmentado e acelerado, as clássicas teorias da administração já não conseguem dar conta de todas as respostas. Não inovar – em produtos, gestão e cultura organizacional – é hoje o maior risco que um empreendedor ou executivo pode correr. Liderança, gestão e inovação são essenciais para atravessar os impactos da chamada 4a. Revolução Industrial.
FBFE: De que forma o livro pode auxiliar empresários e empreendedores na tomada de decisões?
JSN: Pode auxiliar muito, pois trazemos o que há de mais moderno no pensamento gerencial e como ele se integra com a nova economia. Mostra novos caminhos para pensar sobre estratégia e principalmente sobre que tipo de profissional cada empresa tem que ter para vencer.
Sobre o autor
José Salibi Neto é associado à introdução dos principais conceitos da Gestão Contemporânea no Brasil, provocando a transformação de milhares de empresas, executivos e empreendedores no país. Por mais de duas décadas, conviveu e trabalhou com os principais pensadores da gestão mundial, incluindo Peter Drucker, Jack Welch, Michael Porter, Philip Kotler, Tom Peters, Jim Collins, CK Prahalad, entre outros. Hoje, Salibi dedica-se a ajudar empresas e profissionais a atingir seu potencial máximo e tomar decisões que podem determinar o futuro de seus negócios e carreiras.
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