“Faça do seu produto uma Plataforma de Inovação ” por Pedro Nascimento

Para o CEO da Qura, editora da prestigiada revista MIT Sloan Review no Brasil, Pedro Nascimento, o País precisa abandonar a crença de que tudo se transforma em commodity.
A história dos negócios mostra que produtos considerados commodities podem ser plataformas para a inovação. “No longo prazo, tudo vira torradeira.” Citando a frase do economista e professor da Columbia Business School Bruce Greenwald, o CEO da Qura, editora da prestigiada revista MIT Sloan Review no Brasil, Pedro Nascimento, iniciou sua apresentação no terceiro dia do Family Business Innovation, evento promovido pelo Fórum Brasileiro da Família Empresária (FBFE) .
Mas ele deixou claro que a afirmação não é verdadeira quando há inovação. A própria história dos negócios mostra que produtos definidos como commodities muitas vezes se tornam plataformas para a inovação.
Aliás, nem mesmo as torradeiras, injustamente usadas por Greenwald como exemplo, se tornaram commodities, destacou Nascimento. Se observarmos os modelos, vemos que há diferenciação e segmentação. O preço, como em outros produtos e serviços, importa, mas não define a decisão de compra.
No Brasil, porém, vigora uma mentalidade de commodity. “Há pouca diferenciação em muitos dos produtos brasileiros, com a competição orientada por preço”, declarou Nascimento, acrescentando que “precisamos mudar esta mentalidade”.

Pedro Nascimento, CEO da Qura: “No longo prazo, tudo vira torradeira”
Para ele, esse é um dos principais motivos que nos impede de inovar. As empresas precisam criar valor para se manterem relevantes em longo prazo e, para isto, é necessário avaliar os produtos e definir estratégias como uma pessoa de negócios e não como um economista.
Ao olhar os produtos e serviços como commodities, acabamos por transformá-los numa profecia autorrealizável. Ao priorizar o preço e a eficiência, investimos no corte de curtos, em formas de aumentar a margem e não buscamos a diferenciação. A única preocupação é torná-los mais baratos. Se em vez de preço, a orientação for para a inovação é possível criar valor a partir de uma commodity.
Isso não significa tentar repetir padrões, fórmulas bem sucedidas em outros negócios. Há uma tendência em querer ser a Uber ou a Netflix em outro setor, o que não funciona porque há uma série de premissas e condições muito distintas.
Segundo Nascimento, é importante conhecer bem os clientes e pensar em oferecer e eles algo adicional. Usar o conhecimento para oferecer produtos e serviços com mais valor agregado. Para isto, há dois caminhos naturais: customização e atender as necessidades adicionais (bunding).
Para obter inovação é necessário se dedicar verdadeiramente e passar a olhar os produtos ou serviços sob outra ótica. Se houver orçamento para P&D é possível transformar uma commodity em algo inovador. É comum empresas estabelecidas, tradicionais afirmarem querer ser mais inovadoras, mas não terem disposição para pagar o preço, comentou Nascimento.
A mudança de cultura pode ter várias origens, mas ela se dá principalmente a partir de incentivos e indicadores. São eles que têm o poder de direcionar o comportamento das pessoas.
Pedro Nascimento é CEO da Qura Editora, que publica a MIT Sloan Management Review Brasil e a HSM Management, e Conselheiro do Conscious Capitalism International. Cofundador do Grupo Anga, holding de empresas conscientes e autogeridas,
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