O QUE FICA PARA A PRÓXIMA GERAÇÃO? por Patrícia Cardim

Patrícia Cardim é membro da quarta geração da família à frente da Belas Artes (Centro Universitário Belas Artes São Paulo, fundado em 1925).
Patrícia Gomes Cardim é apaixonada pela escola que dirige. “Nossa família é de origem inglesa e portuguesa, chegou ao Brasil no início do século 20”, conta. Pedro Augusto, tio avô de Patrícia e fundador da Belas Artes, estabeleceu-se em São Paulo. Ele foi um dos criadores, entre tantos artistas, da Semana de Arte Moderna de 22, além de ter ajudado a organizar a Academia de Letras de São Paulo e o Conservatório de Música.
Era um vanguardista. Queria fazer de São Paulo — que dizia à época ser um marasmo ou um grande matagal — o centro de cultura do Brasil. Formou a escola e fundamentou com maestria os seus princípios, que são até hoje criar, produzir e difundir conhecimento por meio da arte, da cultura e das ciências humanas.
Patrícia ainda falou que o sonho do tio avô foi colocado em prática por seu pai, Paulo Cardim, advogado de formação, hoje reitor da universidade e presidente da mantenedora, à frente da escola há 45 anos. “Meu pai é um empreendedor nato e tocou para frente o sonho do tio”, relata Patrícia. “Somos humanistas”, declara. “Sempre buscamos a excelência com o homem no centro de tudo, sem deixarmos de evoluir.”
Patrícia, que começou a trabalhar na escola aos 15 anos, passou por diversos departamentos e conhece a empresa a fundo.
“Virei diretora-geral aos 26, quando meu pai descobriu um câncer e teve de se afastar do dia a dia. Foi um choque, mas este fato foi determinante para a minha autonomia.” (Patrícia Cardim)
Segundo ela, quando as empresas familiares recebem um aviso de sucessão “obrigatório”, começam a discutir assuntos que não entrariam naturalmente em pauta.
A Belas Artes é especializada na indústria criativa e tem a missão humanística de servir a toda a comunidade que a cerca. “Recebemos muitos visitantes nas bibliotecas. Em média, temos 6 mil títulos por mês fora da instituição. Atendemos escolas públicas e crianças refugiadas”, declara.
A escola tem os mais modernos equipamentos, como impressoras 3D, laboratórios de prototipagem e realidade aumentada. E investe pesado em soft skills, habilidades que exercitam a inteligência emocional. “Ensinamos desde meditação até empreendedorismo, passando por mídias sociais e inglês”, conta. “Não devemos nada às melhores escolas do mundo”, afirma Patrícia.
Ao participar de eventos internacionais na Europa, China e Estados Unidos, a Belas Artes mostra ao mundo o que os seus alunos têm de melhor, que é o DNA brasileiro. Fernando Campana, por exemplo, é um ex-aluno.
“Meu pai me deu todos os exemplos. Imprimiu em mim o conceito de que estou à serviço da Belas Artes e do aluno. É pragmático, pé chão e acredita no Brasil. Minha dedicação é integral. Cuido dos valores acadêmicos da escola como se fossem meus próprios filhos”, conclui.
Fonte: Revista FBFE – Edição 02
Texto: Marília Muylaert
Fotos: Renato Stockler
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