O legado da empresa familiar Faber-Castell
Entenda como a gigante – e centenária – empresa familiar alemã, Faber-Castell, conseguiu alinhar competência e tradição, olhando sempre para a inovação e a criatividade, entregando qualidade e fortalecendo seu compromisso socioambiental. Acompanhe a entrevista exclusiva com Eduardo Ruschel, diretor de marketing e inovação da marca.
A Faber-Castell foi criada como uma empresa de lápis. Ao longo do tempo, soube reinventar seu negócio para, contrariando todas as expectativas de longevidade das empresas familiares, permanecer no mercado inovando constantemente. A que se deve essa força para reinventar o negócio?
Todas as ações da companhia estão baseadas na essência da marca, que conta com pilares como competência, tradição, qualidade excepcional, inovação, criatividade e responsabilidade socioambiental. A Faber-Castell também sempre está atenta ao que os seus consumidores buscam. Temos um propósito claro e objetivo: ser a companhia deles para toda a vida.
No Brasil, as empresas familiares não ultrapassam a quarta geração por uma série de problemas. A Faber-Castell está na nona geração comandando seus negócios. A que essa longevidade pode ser atribuída?
A companhia deve tal posição de liderança à estratégia internacional que vem utilizando há várias gerações, ao tradicional compromisso com a qualidade e aos consistentes esforços para o desenvolvimento de novos produtos, sempre buscando inovações e criando tendências de mercado. O pilar tradição e competência, que faz parte da essência da marca, é algo transmitido para cada representante de sua geração e mantido como um forte valor até hoje. Usamos nossa competência com base em nossa história, nossa experiência e aprendizado contínuo para desenhar nosso próprio futuro com espírito empreendedor. Isso nos garante um know-how para manter uma sólida liderança e um alto grau de credibilidade. Contamos também com a nossa criatividade para construir um futuro sólido.
Ao analisar a história da empresa, percebemos que ela investe em tecnologia para manter-se à frente de seu tempo. Podemos dizer que a inovação está no DNA da Faber-Castell? Se sim, como a gestão atual mantém isso vivo na empresa?
Com certeza inovar é algo que buscamos constantemente na Faber-Castell, principalmente ouvindo nossos consumidores. Atualmente, possuímos uma área de Novos Negócios, que funciona como uma incubadora de startups para projetos “fora da caixa”. Há cerca de pouco mais de um ano, por exemplo, lançamos o Inspirarte, plataforma digital de inspiração e compartilhamento de arte, que é totalmente gratuita para profissionais e entusiastas de arte. A plataforma, já em sua terceira versão, foi pensada baseada em uma necessidade dos consumidores que foi identificada durante pesquisa realizada pela marca. Depois, foi aprimorada devido às experiências compartilhadas pelos usuários. Os ajustes são contínuos, em prol de deixá-la 100% funcional. Atualmente, já são mais de 55.000 cadastrados e essa base não para de crescer. E tudo é fruto desse olhar atento para as necessidades e desejos dos inscritos. Além dessa iniciativa, recentemente apresentamos ao mercado o aplicativo Pequenos Criativos School, para atender à demanda das escolas de compartilhar com os pais todo o material produzido pelos alunos. O aplicativo funciona com o envio seguro das informações. Os professores podem mandar para os responsáveis, em tempo real, as atividades desenvolvidas pelas crianças em sala de aula por meio de uma linha do tempo organizada. Esse material também pode ser encaminhado para tios, avós e outros parentes, com pré-autorização dos responsáveis pelo aluno.
O negócio da Faber-Castell teria impacto ambiental não fossem os cuidados que são tomados (uso de madeira reflorestada etc.). Quando o uso de recursos renováveis passou a ser uma das principais preocupações da empresa?
Em 1989, a Faber-Castell iniciou o projeto florestal em Prata, Minas Gerais, referência no setor até hoje. Os 9.500 hectares de floresta de pínus que manejamos, a fonte de matérias-primas para a fabricação de nossos EcoLápis grafite e os de cor, são certificados desde 1999, pelo Forest Stewardship Council (FSC®), que atesta que as plantações são manejadas de forma ambientalmente adequada, socialmente benéfica e economicamente sustentável. Nos unimos ao “Pacto Global” da ONU em junho de 2003, o que nos torna uma das primeiras empresas de médio porte a encarar os desafios sociais, ecológicos e econômicos da globalização como parte de uma aliança cooperativa entre a política e o setor privado. Há muito tempo oferecemos condições de trabalho humanas em todo o mundo e também preservamos a natureza, afinal nossa principal matéria-prima vem dela: a madeira. Isso garante a viabilidade no longo prazo não apenas para nossos funcionários, mas também para a Faber-Castell como um todo, e reforça nosso compromisso com a sociedade e com o meio ambiente.
São poucas as empresas no mundo que conseguem manter suas atividades por mais de dois séculos. De que forma a Faber-Castell está se preparando para os próximos 100 anos?
Além de contar com a tradição, carregamos em nosso DNA a inovação e a criatividade, buscamos estar sempre atualizados frente às tendências do mercado, e muitas vezes até as liderando. Um bom exemplo é que, ao invés de enxergar a tecnologia digital como uma ameaça, a entendemos como uma forte aliada, extremamente importante para o nosso futuro. Para comunicar aos consumidores da nova geração, nativos digitais, sobre as nossas iniciativas ecológicas, por exemplo, colocamos os EcoLápis em um aplicativo de realidade aumentada, o Floresta sem Fim. Nele, enquanto as crianças aprendiam sobre a fauna de nossas florestas em Prata, região localizada em Minas Gerais, divertiam-se colorindo e transformando os mesmos EcoLápis em animais 3D, supercustomizáveis. Dessa forma, levamos ao consumidor a informação das nossas iniciativas ecológicas utilizando a linguagem deles. Essa campanha, muito bem-sucedida em seus resultados, foi a responsável pela conquista do Leão de Ouro, em Cannes, na categoria Mobile, provando que estamos no caminho certo.
A Faber-Castell hoje se posiciona como uma empresa de artigos para escritório, para pintar e desenhar. Em tempos de tantos meios digitais, a empresa não se preocupa em ficar ultrapassada? O que está fazendo para evitar que seu negócio seja impactado pela onda digital?
Como falei anteriormente, temos no DNA da companhia a inovação e a criatividade, que fazem parte dos pilares da essência da marca. Não enxergamos a tecnologia digital como uma ameaça. Nós a entendemos como uma forte aliada, extremamente importante para o nosso futuro. Citei alguns projetos de cunho digital que já fizemos, como a plataforma Inspirarte e os aplicativos Pequenos Criativos School e Floresta sem Fim, que foram gerados por uma área exclusiva na Faber-Castell Brasil destinada a Novos Negócios, que funciona como uma incubadora de startups.
Qual o grande legado da Faber-Castell geração após geração?
O grande legado da Faber-Castell é poder contar com sua competência e tradição, olhando sempre para a inovação e a criatividade, entregando qualidade excepcional e fortalecendo seu compromisso com a responsabilidade socioambiental.
Se o senhor pudesse resumir em uma palavra o que faz a Faber-Castell ser o sucesso que é, qual seria?
Criatividade.
Qual conselho pode dar a outros executivos de empresas familiares em tempos turbulentos como o atual? Qual o segredo de conduzir um negócio de sucesso, mesmo em tempos de crise?
Nosso principal conselho é que as empresas sempre busquem se manter atualizadas por meio da criatividade e inovação, sem abrir mão de sua tradição e competência.
Fonte: Revista FBFE – Edição 02
Texto: Gustavo Curcio
Fotos: Divulgação Faber-Castell
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