Um family office voltado ao mercado acionário
Durante o Family Office Summit Brazil 2018, promovido pelo Fórum Brasileiro da Família Empresária – FBFE, foi apresentado o estudo de caso do Family Office COMDESP. A SFA – Seeking for Alpha Investimentos – gestora da família, demonstrou o seu modelo de investimentos em ações.
No início dos anos 1980, Egydio Aliberti Costa, sócio fundador da Comdesp, empresa do setor de comércio exterior com mais de 40 anos de atuação no mercado, começou a diversificar seus negócios e os de sua família a partir de investimentos em outras empresas. Em meados de 1980, José Cássio Costa Bariani, hoje presidente do Family Office, começou a profissionalizar os negócios da família que culminaram na criação da SFA, gestora exclusiva do Fundo de Investimentos em Ações EAC.
A SFA é uma gestora independente que não faz captação de terceiros, só administra os recursos do seu próprio Family Office e tem Ciro Aliperti Neto, integrante da terceira geração da família, como sócio e CIO (Chief Investment Officer). Foi ele um dos palestrantes do Family Office Summit Brazil 2018 que aconteceu no Hotel Palácio Tangará em São Paulo.
“No nosso Fundo, temos uma visão de holding. Tratamos o investimento sob a ótica do negócio. Por isso, costumamos dizer que não investimos na Bolsa, mas em empresas. A Bolsa é apenas um “veículo” onde podemos nos tornar acionistas de alguma outra empresa ou ainda vendermos as empresas que temos”.
A SFA é uma gestora independente que não faz captação de terceiros, só administra os recursos do seu próprio Family Office e tem Ciro Aliperti Neto, integrante da terceira geração da família, como sócio e CIO (Chief Investment Officer). Foi ele um dos palestrantes do Family Office Summit Brazil 2018 que aconteceu no Hotel Palácio Tangará em São Paulo.
O objetivo da SFA é tornar-se sócia de empresas sólidas que adicionem valor para acionistas em longo prazo. “Algumas empresas estão há 15 anos em nossa carteira”, afirmou. Para isso, a empresa desenvolveu um processo de análise de negócios que não leva em conta só números financeiros, mas principalmente a gestão do negócio, seus produtos/serviços, sua estrutura organizacional, as áreas de vendas, produção, distribuição, inovação, entre outros.
“Estamos constantemente em busca de negócios bem administrados a fim de entender os diferenciais e saber como ela pode trazer remuneração ao acionista em longo prazo. Avaliamos os riscos que ela corre para trazer esses resultados. Isso é diferente de ficar acompanhando o preço da ação” afirma Ciro.
Um ponto importante na visão da família é que eles gostam de investir em empresas. Além de possuírem 04 negócios que administram diretamente, comentam que “o melhor ativo a se investir são empresas com ações negociadas na bolsa”. Aliperi apresentou um estudo do iBovespa, desde sua criação em comparação com o CDI. Apesar de dizerem que o CDI no Brasil sempre ganha da Bolsa, comprovou que em longo prazo, é melhor investir na Bolsa do que qualquer outro investimento.
“Volatilidade existe. Mas para nós, ela não é vista como risco, mas como oportunidade. Lembrando sempre que o investimento é feito em empresas que demonstram solidez. Para nós, o risco nesse negócio está em uma empresa não ir bem ou, no limite, quebrar. E não se ela oscila de preço no curto prazo porque houve uma crise no outro lado do mundo”.
O resultado de uma empresa é formado por crescimento de receita, aumento de margens e crescimento de múltiplos. Para o investidor de longo prazo o crescimento dos dividendos são a principal remuneração, explicou Ciro. “Os dividendos, normalmente compõem grande parte do retorno de uma empresa no longo prazo”.
A liquidez de uma ação e a compra de seguros (política de hedge) também são de vital importância neste tipo de gestão de investimentos, pois quando você investe em uma empresa ou ativo que não tem liquidez, não pode fazer mudanças rápidas, caso entenda que aquela empresa deixou de ser competitiva ou lucrativa. Já o hedge, é um fator importante para diluir as grandes oscilações.
Na SFA, o Processo de análise e acompanhamento das empresas investidas é robusto e possui diversas etapas como:
1. Geração de ideias de investimentos
2. Questionários qualitativos com base em um scorecard para medir a empresa, seu negócio, mercado de atuação, controladores, executivos, concorrentes, entre outros.
3. Análise histórico-financeira a fim de verificar o sucesso de cada estratégia da empresa;
4. Análise qualitativa dos stakeholders
5. Tese e desconstrução da tese de investimento. São reuniões e discussões da equipe no estilo “advogado do diabo”.
6. Categorização das empresas em “core”, aquelas de alta qualidade e no qual se pode investir um percentual significativo do patrimônio do Fundo, ou “tática”, empresa que tem mais riscos em seus negócios e portanto devem ter um investimento com menos capital alocado.
Mas o trabalho mais difícil da equipe de análise, hoje são 5 analistas exclusivos, é o de acompanhamento das empresas. Na SFA o analista deve ser como um controller e saber tudo o que está acontecendo a fim de reportar mensalmente o andamento do negócio.
“Queremos ter quase a mesma visão que o acionista controlador tem, a fim de verificar se as estratégias de longo prazo estão corretas e se o management está conseguindo implementá-las. Monitoramos os concorrentes, fornecedores, clientes, funcionários e ex-funcionários a fim de poder ter essa visão”, explica Aliperti.
O investimento realizado pelo Family Office nestes últimos 10 anos foi o de criar processos muito bem definidos para fazer este estilo de gestão se perpetuar. Com tudo isso, os resultados aparecem. A SFA – Seeking for Alpha Investimentos – está hoje muito bem posicionada em comparação com gestores de fundos de ações que possuem características semelhantes.
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