Capacitação, Prosperidade e Longevidade da Empresa Familiar
Na América Latina, menos de 2% dos administradores de fortunas, conselheiros financeiros, gestores de Family Offices e banqueiros fizeram curso de gestão de patrimônio, apesar de apenas 30 a cada 100 empresas familiares não chegarem à 2ª geração. No continente latino-americano, entre 12% e 15% apenas das empresas familiares e seus patrimônios passam à 3ª geração. Estas informações foram prestadas pelo diretor da Family Business & Office School, de Miami, Dov Gilvanci Levi Najman de Oliveira, ao apresentar resultados de pesquisa realizada recentemente pela instituição durante o IX Congresso Nacional de Empresas Familiares, Family Office e Gestão de Patrimônio, que aconteceu em São Paulo no último mês. Foram entrevistadas 1.600 empresas familiares, Family Offices e Private Banking. Os resultados mostram tendências, metodologias, critérios para selecionar conselheiros e modelos de serviços de Family Offices e de Gestão Sadia.
Segundo os dados, nos últimos dez anos Miami foi a cidade norte-americana que mais recebeu ativos líquidos da América Latina, acima de Nova York. 80% dos ativos líquidos das famílias da América Latina com grandes fortunas estão custodiados e investidos nos EUA. Estima-se que os brasileiros tenham aproximadamente US$ 400 bilhões em ativos líquidos nos EUA, dos quais 62% em Miami. Os EUA estão 80 anos à frente do Brasil em matéria de gestão de patrimônio e Family Office; e o Brasil 20 anos à frente do Chile. Um bom exemplo norte-americano é o da riquíssima família Pitcairn, com capital de mercado avaliado em US$ 31 bilhões. Ela implantou seu Family Office em 1923, quando contava apenas seis membros e 27 herdeiros. Em 1986 já eram mais de 150 membros e, em 2012, mais de 600, quando implementou seu Multi-Family Office.
“A Family Business & Office School, em parceria com as oito melhores universidades dos EUA, existe justamente para capacitar empresários e seus descendentes para que seus negócios prosperem e tenham longevidade, passando por diversas gerações”, disse o diretor da instituição. “Se os bancos não foram capazes de cuidar de seus próprios negócios, como vão cuidar dos ativos e do patrimônio alheio? A resposta a esta pergunta foi a expansão dos Family Office a partir de 2008”, continuou Dov de Oliveira. “Gestão de patrimônio é muito mais do que apenas cuidar da liquidez… Implica também cuidar de tributação, planejamento, sucessão patrimonial e governança.”
Evidentemente, famílias HNW-High Net Worth, acionistas, herdeiros, assessores financeiros, legais e tributários precisam se tornar mais sofisticados, mais informados e alinhados à atual realidade mundial. “E isto somente se consegue através da permanente capacitação”, insistiu Dov de Oliveira. “É preciso ter acesso a pesquisas, intercâmbio de informação e network global, para não haver retrocessos, ainda mais quando os latino-americanos estão avançando no ranking dos mais ricos do mundo”, disse e apresentou a seguinte tabela, cuja fonte é o Credit Suisse:
Emerging market millionaires 2011 and 2016.
Number (thousand) | Change | ||
2011 | 2016 | % | |
China | 1,017 | 2,381 | 134 |
Taiwan | 343 | 503 | 47 |
Brazil | 319 | 815 | 156 |
Korea | 217 | 425 | 96 |
India | 204 | 510 | 150 |
Singapura | 183 | 408 | 123 |
Mexico | 175 | 344 | 97 |
Indonesia | 112 | 242 | 116 |
Turkey | 98 | 179 | 83 |
Russia | 95 | 171 | 80 |
Hong Kong | 89 | 146 | 64 |
South Africa | 71 | 243 | 242 |
Saud Arabia | 44 | 64 | 45 |
UAE | 40 | 54 | 35 |
Malaysia | 39 | 73 | 87 |
Colombia | 37 | 56 | 51 |
Kuwait | 31 | 45 | 45 |
Argentina | 31 | 58 | 87 |
Egypt | 31 | 92 | 197 |
Chile | 28 | 40 | 43 |
World | 29,674 | 46,580 | 57 |
Por que as famílias HNW criam seus Family Offices? Resposta da pesquisa: para coordenar seus conselheiros, controlar os ativos, alinhar seus interesses, manter a confidencialidade das informações empresariais e familiares e para customizar os serviços. Outros objetivos-chave: educação dos proprietários, continuidade da família nos negócios, desenvolvimento com coesão da estratégia de investimentos, poder aquisitivo para acessar produtos e reduzir impostos.
Quando uma empresa familiar ultrapassa a 3ª geração em geral a família está concentrada nos seguintes pontos: preocupação em manter-se unida (a sucessão é um processo e não um evento); compartilhamento e controle da propriedade (estabelecimento de regras, deveres e obrigações dos membros); diversificação para além do negócio original em uma variedade de outras oportunidades de investimento; educação das futuras gerações para se tornarem empresárias; preocupação em capacitar as futuras gerações, ajudando a transformar herdeiros em acionistas e acionistas em acionistas profissionais; implementação de Family Office como recurso para ajudar a gerenciar e dar suporte à família e aos negócios.
“Simples assim: o que vai assegurar que o negócio familiar tenha continuidade através de várias gerações é a capacitação dos herdeiros, sempre”, finalizou Dov de Oliveira.
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