Como equilibrar harmonia familiar e prosperidade nos negócios? Por Raphael Amit – Wharton University
Equilíbrio entre Harmonia Familiar e Prosperidade Financeira
Nove em cada dez empresas na América Latina são de origem familiar, mas apenas 30% delas sobrevivem a partir da segunda geração. Se é difícil gerenciar uma família, gerenciar uma empresa familiar constitui um verdadeiro desafio. Trata-se de alcançar harmonia e felicidade entre os familiares e, ao mesmo tempo, prosperidade e desenvolvimento nos negócios. A pergunta “como enfrentar o desafio?” foi o cerne da palestra proferida pelo professor norte-americano Raphael Amit da Wharton School, na Universidade da Pensilvânia (EUA), durante o IX Congresso Nacional de Empresas Familiares, realizado em São Paulo.
“Conflitos na família, além de causarem muitos problemas entre os familiares, quase sempre respondem pelo declínio da empresa”, afirmou Amit, cujo trabalho na Wharton School consiste em incentivar a longevidade e a prosperidade das empresas familiares por meio de cursos, workshops, palestras, programas de gestão, consultoria e parcerias para MBAs. “Nossa missão é criar e disseminar conhecimento, além de estimular a circulação de informações entre os familiares para que os negócios floresçam de geração em geração mediante a superação de conflitos.”

O Professor Phd da Wharton University, Raphael Amit levou ao público um tema que permita o universo do Family Business: alinhamento entre família e empresa.
Segundo Amit, a adoção de uma governança apropriada e de estratégias eficazes de comunicação entre os familiares pode mitigar uma série de dificuldades, tanto na família como na empresa, e tornar os negócios longevos. Famílias cujo processo sucessório é bem desenvolvido ao longo de gerações possuem crenças e valores bem definidos e compartilhados pela maioria de seus membros, uma forte identidade e constante circulação de informações entre eles. Tais famílias conseguiram estabelecer e redigir uma “Constituição” própria para orientar suas decisões, têm uma visão consistente de sua missão, definiram com clareza as estruturas que permitem liquidez e saídas de dividendos, uma cultura empresarial que promove a inovação e estabeleceu um processo de sucessão com regras e responsabilidades claras.
Uma forma para alcançar um equilíbrio desse tipo, conforme o professor Amit, é criar um Sistema de Governança Familiar separada do Sistema de Governança Corporativa, ambos em contato permanente com o Family Office, que faz a ponte entre a família e a empresa. Para o Sistema de Governança da Família é preciso criar a Assembleia, responsável por eleger entre os familiares aqueles com mais condições de participar do Conselho da Família.
O Conselho da Família (Cofa) terá por incumbência desenvolver e implementar todos os procedimentos de governança familiar, além de ajudar a solucionar disputas, definir como se votará quando da necessidade de se tomar decisões, qual o quórum necessário e periodicidade para realizar suas reuniões e alterar a “Constituição” da Família, quando for preciso. O Cofa se encarregará de melhorar a harmonia entre os membros, promovendo a circulação de informações, os valores e crenças e oportunidades para os familiares interagirem entre si com o objetivo de manter a família alinhada.
O Conselho Administrativo cuidará do dia a dia da empresa. Assuntos como a definição da política de cargos, meritocracia e decisões ligadas ao planejamento, estratégia e gestão do negócio. Poderá ainda estabelecer a política de investimentos e reportar o que está acontecendo no negócio.
“Alguns membros da família podem ter papeis na Governança Familiar e na Governança Corporativa; e outros, nenhum papel. O que não pode haver é confusão nos papeis”, explicou Amit. “As decisões nos negócios têm de ser tomadas sempre no interesse da empresa e de todos os acionistas e não no interesse pessoal ou de seu pequeno núcleo familiar. Mas para ter consciência de tudo isso e fazer funcionar o sistema é necessário educar-se.” A primeira geração nos negócios tem o controle de tudo, como lembrou o professor. As próximas não mais. É preciso preparar a transição, aprender sobre gestão de fortunas, saber preservar e aumentar o legado familiar, enfim, considerar todos esses aspectos e, na impossibilidade de a própria família manter o controle do negócio, profissionalizá-lo.
E a sua empresa, já pensou em criar um espaço para a família debater assuntos ligados a todos os membros? Compartilhe sua experiência com a gente.
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