Case SFA: de Family Office a uma das melhores gestoras do país

Ciro Aliperti Neto, fundador e CIO da SFA (Seeking for Alpha) foi o terceiro palestrante a falar no FBFE Ribeirão Preto 2022.
A Asset Management, surgiu também de um Family Office, o qual a família ficou totalmente líquida e montou a sua própria gestora que era fechada para o mercado e ficava sempre na lista dos top 10 na lista dos melhores rendimentos e índices.
A palestra do Ciro Aliperti Neto versou sobre como perpetuar o patrimônio investindo em empresas com foco a longo prazo. Segundo ele, apesar de ter fundado a empresa, não faz nada sozinho. Tem um time super preparado e entrosado que segue regras rígidas de governança e se divide em vários comitês tais quais executivo, risco, compliance, investimento, além de uma estrutura robusta de tecnologia para dar apoio à toda a gestora.
“Nosso time é multidisciplinar, complementar e trabalhou nas melhores instituições do mercado antes de se juntar à SFA”, conta.
Fundada em 2013, a SFA é uma gestora de recursos independente e tem hoje 400 milhões de Reais sob sua gestão. Seu foco é o investimento em empresas de capital aberto. Apesar de ser um fundo de ações, a SFA se define melhor como sendo uma empresa que analisa empresas de capital aberto. “Somos investidores pacientes, de longo prazo com visão empresarial, super responsáveis que não alavanca. Somos empresários investidores”, diz Ciro.
A ideia da empresa é ter um olhar mais empresarial sobre a bolsa e não ficar operando o dia inteiro. A SFA é agnóstica a setores e geografias. Pode investir em qualquer setor, mas gosta de investir nas melhores empresas sejam onde estiverem (mundo globalizado).
“Somos um fundo de alta convicção e concentrado. Quando achamos uma boa empresa, respeitando os limites de risco, vamos agir de forma mais concentrada. Achar boas empresas não é fácil. Advém de conhecimento acumulativo”, define.
A SFA gosta muita da Bolsa de Valores e aposta no conhecimento descentralizado que proporciona muito mais debates profundos e inteligentes. Ela adota um conceito de portfólio único onde todo o time é focado em selecionar as melhores empresas.
A prática de investir em capital aberto da família de Ciro teve início nos anos 70 com o seu tio-avô, já falecido, que era um empresário genial, e já entedia que a Bolsa era de fato um balcão onde você tem as melhores empresas do Brasil. E assim começou a investir os dividendos que ele tinha da sua empresa da economia real em empresas de capital aberto.
Era uma filosofia de investimento que foi se perpetuando por todas as gerações da família e hoje a SFA compactua com essa filosofia super diferenciada que conta com um patrimônio relevante da família investido dentro dela, apesar de gerir ativos de outras famílias ou terceiros.
Para a SFA investir é sinônimo de comprar boas empresas e mantê-los por longo prazo. Investir na bolsa não é algo circunstancial. A bolsa permite ter liquidez diária, o que dá muito conforto. Como a SFA tem conhecimento profundo e não alavanca, a volatilidade não é considerada risco, porque permite que se compre bons negócios a preços super interessantes quando surgem oportunidades. Os juros sobre juros são super importantes e fazem com que a acumulação de riqueza ocorra de uma forma exponencial.
Segundo Ciro, Warren Buffet, um dos maiores investidores da história, teria ficado bilionário por ter conseguido a média de 19% de ganhos anuais por 60 anos. O tempo é um fator muito importante para a acumulação e ganho de capital, ele é o grande variável.Ao questionar os presentes sobre qual seria a classe de ativos que possuem o maior potencial de compound ao longo do tempo, Ciro afirmou ser ações.
“As maiores fortunas do mundo foram construídas por empresas. Portanto investir em boas empresas é o que podemos fazer de melhor pelo nosso dinheiro”, ensinou.
Nos quase 10 anos de existência, a SFA teve um retorno quase três vezes maior do que o CDI no período e quase duas vezes e meia maior do que o IBOVESPA no período. Todo fundo precisa ser consistente ao longo do tempo. Numa janela de cinco anos, a SFA mostra que em todas as janelas ela conseguiu gerar resultados sobre CDI e IBOVESPA. “Buscamos os melhores resultados, sempre em janelas longas e bem dilatadas”, resume.
Para alcançar resultados de excelência, que não são fáceis, a SFA conta com uma filosofia bem estabelecida e, principalmente, com processo e método para perpetuá-la ao longo do tempo. Gerar alfa está intrinsecamente ligado a encontrar bons negócios.
As empresas que geram alfa têm gestão competente e competitiva e são alinhadas. E, principalmente, têm um preço justo para se pagar. Esses fatores são importantes e são a linha mestra que fazem a SFA investir nelas.
Há dois pilares de análise na SFA para achar essas empresas: o quantitativo (a capacidade das empresas de gerarem valor ao longo do tempo); e o qualitativo (o entendimento dos drivers de gerarão de valor das empresas e a capacidade delas de gerar valor por muitos e muitos anos).
As empresas precisam gerar valor ao longo do tempo. Explicando de forma básica o funcionamento de uma empresa, ela vai ter um capital (de banco ou dos acionistas), vai investir em ativos tangíveis ou intangíveis e capital de giro e o resultado todo vai dar lucro. Se ela tiver boas oportunidades vai reinvestir esse lucro. E o restante, distribuirá para os acionistas. Se a empresa fizer isso por muito tempo, gerará retorno sobre o retorno (compoud).
É importante salientar que os acionistas são os que recebem por último na cadeia produtiva. Por isso que os acionistas têm de ser remunerados pelo capital. Tem de ser um capital ajustado pelo risco, pelo capital investido. As empresas existem para gerar valor para os acionistas. Se não conseguem remunerar os acionistas não estão gerando valor.
“Na SFA uma forma de constatar se a empresa gera valor é o EVA (lucro econômico adicionado), uma métrica que vai mais a fundo para descobrir se a empresa gera valor. Simplificando, o EVA nada mais é do que o ROIC menos os encargos de capital. Mais importante do que o EVA, é o delta EVA ao longo do tempo. O EVA consegue te mostrar como está sendo o seu investimento marginal. Pensa numa varejista que abre 50 lojas ao ano. Se o EVA dela está caindo ao longo do tempo, provavelmente os novos investimentos estão sendo feitos a um retorno marginal menor”.
A análise quantitativa não consegue responder se a empresa continuará gerando valor ao longo do tempo. Essa questão só será respondida por uma análise qualitativa muito profunda.
É possível fazer diversas pesquisas qualitativas para entender melhor a empresa e se possui vantagens competitivas sustentáveis. Essas empresas estão menos suscetíveis aos ataques dos concorrentes.
Na SFA são identificadas algumas dessas vantagens competitivas como ativos intangíveis, como marcas fortes por exemplo. Os clientes de empresas como estas estão dispostos a pagar mais por seus produtos. Marcas de alto luxo têm capacidade de passar preços maiores.
Há também o custo de troca. Quem tem i-Phone não quer trocar por um Androide porque já sabe mexer, está acostumado.A SFA gosta de investir em empresas de software, que assim como o custo de troca, há um hábito e valores altos envolvidos por parte do usuário que não substitui facilmente.
Segundo Warren Buffet, novamente, a principal coisa que se deve determinar em uma empresa é sua vantagem competitiva e a durabilidade dessa vantagem. É necessário entender o quanto ela vai durar ao longo do tempo.
A gestão competente de uma empresa por si só não é uma vantagem competitiva, mas boas equipes têm a capacidade de gerar e destruir valor. A SFA procura acompanhar a estratégia das empresas e como ela está sendo executada ao longo do tempo. As boas pessoas são muito importantes para as empresas. A fórmula do alfa está em encontrar vantagens competitivas, sustentáveis, gestão competente e um valor eixo atrativo.
“Nosso trabalho é muito constante; às vezes demoramos um ano para analisar uma empresa. E ele não para nunca!”, conclui Ciro sobre os resultados muito positivos da SFA.
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