Inovação é a base da sobrevivência no mundo VUCA
O acrônimo VUCA – sigla em inglês para volatilidade, incerteza, complexidade, ambiguidade – é a mais perfeita definição da dinâmica atual dos negócios. Simultaneamente, VUCA é o oposto do ambiente almejado pelas empresas familiares, que cultivam valores como patrimônio, perenidade, proteção e reputação.
Como conciliar esses dois extremos, então? Para Carolina de Oliveira, Diretora de Inovação e Marketing da Grant Thornton, que participou do Family Office Summit Brazil 2018, promovido pelo Fórum Brasileiro da Família Empresária-FBFE, inovação é a palavra-chave.
“Cerca de 88% das empresas da lista da revista Forbes em 1955 não existem mais. Antes, as empresas duravam 33 anos. Hoje, duram em média 14. Em paralelo, a adoção da tecnologia no século passado levava 60 anos para chegar a toda a população. A partir dos anos 1990, essa velocidade começou a escalar. O rádio levou 38 anos, enquanto o Facebook, apenas dois. E o jogo Pokémon Go em 19 dias conquistou mais de 50 milhões de jogadores”, afirmou, ao iniciar sua apresentação.
A solução, portanto, é sair de um posição defensiva e partir para o ataque, implementando proativamente medidas para integrar o time dos inovadores.
Mas quando se fala em inovação, explicou, não é preciso destruir tudo que foi construído. “Pouquíssimas empresas conseguem mudar completamente uma cadeia de produção. Mas é preciso estar atento para quem faz isso e, ao mesmo tempo, implantar um processo de inovação contínua que traga valor para a empresa.”
Não existe uma fórmula para começar, mas Carolina de Oliveira apresentou os oito pontos que devem ser observados para dar o pontapé inicial:
- PESSOAS: é preciso trazer agentes de mudança para as equipes, encorajar o intraempreendedorimo e abrir um canal de comunicação com startups e fundos de investimento em inovação.
- ESCUTAR: sempre mantendo o foco na experiência do cliente, é preciso ouvir quais são suas dores para trazer novos insights de aprimoramento para produtos e serviços.
- PROPÓSITO: empresas que se organizam ao redor de um propósito têm um desempenho até 40% melhor do que as que não se organizam dessa forma. Estabelecer um nicho, definir uma questão a ser resolvida, focar na solução de problemas do cliente é uma forma de entregar mais para o cliente e também para a sociedade.
- CONTROLE FINANCEIRO: planejamento, mensuração, atenção dobrada com o fluxo de caixa são valores fundamentais para enfrentar as incertezas.
- NOVAS GERAÇÕES: muitas empresas estão adotando sistemas de mentoria reversa, com millenials apresentando tendências para sêniores.
- BUROCRACIA: combatê-la faz parte do processo de inovação.
- NOVOS MERCADOS: estar atento ao surgimento de novas profissões e novos modelos de negócio ajuda a entender os novos mercados que surgem a cada dia.
- RESILIÊNCIA: recomeçar projetos, aprendendo com os erros, é a dinâmica mais propícia à inovação.
A constituição de family offices afinados com esses pontos também é uma medida desejável, explicou Carolina de Oliveira. Sua apresentação foi complementada por Luiz Morcelli, da Ahoy Berlin, um coworking e incubadora de projetos que atua no suporte a family offices, criando conexões entre startups e empresas estabelecidas, além da seleção de profissionais de tecnologia. “É fundamental buscar no mercado o suporte de empresas como as nossas, que facilitam demais o encontro entre projetos com propósitos semelhantes”, afirmou.
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