Chris Aba do J.P. Morgan fala no FBFE Ribeirão Preto 2022
Chris Aba, encarregado dos investimentos do banco J.P. Morgan para a América Latina falou, no 7º FBFE em Ribeirão Preto, sobre a importância da Diversificação de Investimentos para famílias investidoras. Para ele, um conceito óbvio de se entender, mas na prática, um pouco mais complicado de se implementar.
Segundo Chris Aba, o J.P. Morgan tem clientes em toda a América Latina, em sua maioria famílias empresárias que, juntos, somam 180 bilhões de dólares de ativos que o banco ajuda a gerir.
Chris Aba do J.P. Morgan Private Bank apresentou um estudo baseado em dados (colhidos ao longo de 40 anos) para ver como a concentração a longo prazo reagiria (bem ou mal) em relação ao mercado aberto de capitais. E comparou seus resultados com o índice Russel 3000.
O banco acredita que as companhias abertas e as privadas (como as empresas familiares) têm mais semelhanças do que diferenças. Se a empresa apresentasse média de ganho de 10% ao ano por cinco anos e depois índices negativos de 5% por exemplo, a média daria 10%, o retorno mais frequente para o comprador que tivesse essa ação em sua carteira. Isso em 62% dos casos, a companhia única dava esse retorno.
Depois investigou que empresas nestes 40 anos tiveram uma queda neste período e não recuperaram. O resultado foi 44%. O capitalismo é uma força destrutiva criativa, sempre tem alguém que quer fazer algo novo, é tudo muito competitivo. E, sempre que possível, as empresas vão comprando seus concorrentes para não acabarem seus negócios.
O banco também fez um estudo do S&P 500 que são as melhores empresas do EUA. 75% das empresas que saíram do mercado, saíram por forças não ligadas a gestão do negócio e o motivo não teve nada a ver com o fato de serem empresas familiares.
“Gosto do que o Nelson falou sobre empresas que vão e vem, mas que o patrimônio deve perdurar. Números não mentem. As famílias têm de pensar na diversificação tendo conhecimento dos números que fazem sentido e aqueles que não fazem”, finalizou Chris Aba.
Fred Cilento, também do J.P. Morgan, deu seguimento a palestra em nome do banco, mostrando uma pesquisa da área de asset da instituição sobre diversificação focada principalmente para clientes brasileiros.
Ele que trabalha na mesa Brasil, com mais quinhentos brasileiros operando a mesa para ajudar a gestão de ativos no exterior, trabalhou antes numa mesa global e, neste período, pôde constatar como o cliente brasileiro busca o retorno nos ativos que ele conhece. Quando tem o dinheiro fora, acaba investindo em empresas brasileiras, mas mesmo assim, o dinheiro investido em offshore é muito pequeno.
Depois da diversificação é necessário questionar-se se faz sentido deixar o dinheiro todo no Brasil? Mesmo estando no BOVESPA, CDI; deve-se perguntar se isso faz sentido. O Brasil representa 2 ou 3% do PIB e quando se olha os investimentos globais.
Os investidores brasileiros têm ainda 99% dos ativos investidos no Brasil, seguindo uma tendência de concentração. Saiu da empresa, mas comprou BOVESPA. Quando se investe em bolsas do mundo é bem mais diversificado.23% são empresas de tecnologia, onde está o novo crescimento.
Segundo Fred, o mercado hoje está bastante turbulento, mas o J.P. Morgan acredita muito no setor de saúde, health care. O grau de tecnologia é muito alto e a população está envelhecendo. É um setor muito forte. No Brasil esse mercado representa uns 4% em relação a investimentos, enquanto no global já chega a 12%. É uma diversificação que faz sentido para o banco.
Ter uma visão mais globalizada dos ativos também faz sentido.
Por que se deixa dinheiro aqui no Brasil? Enxergamos o CDI como uma carteira mais conversadora. Este ano rendeu pouco, mas sempre rendia uns 2 dígitos. Agora está perto de 12% de novo.
Mas a diversificação ajuda porque num universo de longo prazo ficar apenas em CDI, não performará bem. Se tudo for aplicado em bolsa brasileira, o rendimento em dólar também não será tão bom.
“O ideal é montar uma carteira diversificada onde você tenha ativos brasileiros, um pouco de bolsa, um renda-fixa brasileira, mas tenha bonds de empresas brasileiras, bonds de empresas americanas rendendo mais e bolsa americana. Se fizer assim, terá de fato uma carteira diversificada que dará um retorno de 12% em dólar”.
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