Divergências são naturais. Sábio é evitar que virem conflitos, como demonstram os herdeiros de Edson Bueno
Li com satisfação na edição 1.138 da revista Exame* a reportagem intitulada “Dos Bastidores ao Palco” (págs. 68-71) em que os herdeiros do médico Edson Bueno, co-fundador com sua primeira mulher, a também médica Dulce Pugliese, da operadora de saúde Amil (vendida à americana United Health em 2012), chegaram a um bom termo quanto ao inventário. Quando a família se mobiliza rapidamente para dirimir divergências, impedindo que estas se transformem em conflitos intermináveis e muitas vezes insolúveis, e trata as questões de forma transparente, por difíceis que estas possam parecer, o problema se resolve sem maiores consequências.
Anteriormente, ao escrever sobre o mesmo assunto, depois de ver no jornal O Estado de S. Paulo que as divergências entre os herdeiros de Edson Bueno haviam se tornado públicas, abordei a questão da sucessão como tema de primeira grandeza em qualquer família empresária. Tema este de meu profundo interesse como fundador do Fórum Brasileiro da Família Empresária-FBFE e também como estudioso das questões que envolvem a família empresária.
Com a Exame se sabe que após a morte de Edson Bueno o comando dos negócios, como definido em testamento pelo próprio patriarca, foi oficialmente assumido por Dulce Pugliese, sua sócia desde sempre nos negócios. Dulce garantiu à revista que “não há mudança e muito menos desentendimento na família. O que houve foi uma insegurança na cabeça das pessoas que trabalham para a gente”. E com ela fez coro o filho Pedro Bueno, presidente da rede de laboratórios Dasa, uma das empresas da família: “A família está alinhada nas decisões”. Veja a matéria da Exame aqui
Vale ressaltar que a instalação de processos sucessórios nunca será precoce em qualquer família empresária, por mais harmoniosas que sejam as relações entre seus membros. Capacitar os herdeiros, verificar qual deles tem talento e preparo para assumir a condução dos negócios, instalar o processo sucessório e trabalhar dentro de si mesmo, psicológica e racionalmente, a perspectiva de que um dia será preciso passar adiante o bastão é de fundamental importância para a longevidade das empresas familiares e das famílias empresárias.
- Ano 51, nº 10, 24/5/2017
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