Carpa Family Office: de Single para Multi-Family Office
No dia 21 de setembro de 2022 aconteceu em Fortaleza mais um evento do Fórum Brasileiro da Família Empresária – FBFE, que contou com a palestra de Celso Colombo, fundador da Carpa Family Office apresentando o case da sua família que era proprietária de uma grande empresa do setor alimentício, a Piraquê, mas que não tinha Governança implantada, levou à necessidade de venda da empresa.
Segundo ele, a Governança é de extrema importância e tem de ser decidida logo na primeira geração porque nas segundas, terceiras gerações, se o patriarca não estiver vivo é muito difícil haver consenso uma vez que cada membro familiar já terá seguido por caminhos próprios.
Celso Colombo, cofundador da Carpa, tem 45 e é formado em economia. Nunca trabalhou na Piraquê e fez carreira no mercado financeiro. “Aprendi a fazer gestão de recursos nas empresas que eu trabalhei e com uma bagagem de conhecimento no bolso, tomei coragem, aos 25 anos, de empreender e abri um escritório de agente autônomo.
Na época, 2003, era algo muito novo. Vi todos esses gestores de fundos nascerem”, revela ele. O negócio deu super certo e Colombo conheceu muitas companhias e percebeu que o negócio da sua família teria dificuldade em passar para a terceira geração por falta de Governança e que era necessário se fazer algo a respeito.
A Piraquê foi fundada em 1950 sem acordo de acionistas, pois na época não se atentava para a importância dele, tudo era acordado na base da confiança ou como se dizia “no fio do bigode”. A qualidade dos biscoitos era indiscutível e a empresa foi crescendo. Em 1970 entram mais familiares na operação e as diferentes avaliações e direcionamentos empresariais ficaram difíceis de administrar sem a Governança implementada.
Em 2012 o fundador da Piraquê falece e Colombo é chamado para ser o CFO da companhia. Ele declinou o convite, mas deu apoio para os sócios ao sugerir a contratação de uma empresa de governança no ano seguinte. O movimento não foi muito bem aceito internamente e Colombo decide então ampliar o escopo da sua empresa para atender às necessidades da família quando o negócio viesse a ser vendido.
Em 2014 se juntou-se a uma empresa de serviços e cria um Multi Family Office para fazer a gestão completa do patrimônio das famílias. “Saímos do modelo de agente autônomo para o modelo de Family Office e ampliamos o escritório de seis pessoas para 60”, explica. Além da gestão dos recursos da própria família que ocorreu mais para frente, a Carpa Family Office começa a cuidar da gestão de mais 12 famílias (fazendo tudo que um Sigle Familu Office faz) e de mais 80 investidores”.
Colombo foi o responsável pela administração da venda da empresa familiar. Muniu-se de bons advisers, boutique de investimento e bons advogados. “Na negociação já sabia de tudo, o que poderia ceder, como poderia caminhar, estávamos muito bem orientados e seguros da transação”, relembra ele.
Um bom conselho que surgiu dessa época e Colombo gosta de passar para frente é: “qualquer movimento que vocês venham a fazer, estejam muito bem assessorados. Hoje há uma gama de serviços muito boa no Brasil que vai desde boutiques de investimentos até grandes bancos. A escolha entre eles depende muito da estratégia adotada pela empresa”, esclarece Colombo.
Quando o negócio foi vendido, nenhum membro da família de Colombo precisou contratar nem ao menos uma secretária. Na Carpa já havia a estrutura completa para assessorá-los. “Todas as demandas da família foram direcionadas para o nosso Multi Family Office”, conta.
Não houve rupturas na família pois já se sabia o que fazer com os recursos da família. A Carpa já cuidava disso há anos (desde 1999), então não precisou se provar eficiente, já tinha a confiança de todos pelos bons resultados apresentados ao longo dos anos.
O negócio foi muito bom para a família, mas não foi fácil. Vender a empresa que a família criou não é uma decisão simples, mexe com as emoções. Mas a venda foi muito bem-feita. Um sucesso. “Seja o que tiver que ser feito, tem de ser bem-feito”, diz ele que aconselhou mais uma vez os empresários presentes ao evento que é sempre bom investir num hobby, pois, na possibilidade de vender os próprios negócios, haverá sempre algo de bom para se colocar no lugar. “É preciso continuar preenchendo o tempo com coisas de qualidade.
“A Governança é algo chato de se discutir e implantar, mas é essencial para o bem-estar do negócio e da família empresária. A partir do momento que os herdeiros e executivos conseguem diferenciar os seus chapéus (acionistas, executivos, herdeiros), as coisas andam muito melhor e empresa fica mais lucrativa ainda”, finaliza Colombo.
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