Roberta Ramalho fala sobre a perda do fundador e os valores da Intermarine Yachts

O que fica para a próxima geração? Sem abrir mão da própria personalidade, expoentes de diversas áreas contam qual a herança mais valiosa que levam de seus antecessores.
Por: Marília Muylaert
Foto: Wagner Menezes
Em 2014, com apenas 21 anos, Roberta Ramalho assumiu a presidência da Intermarine Yachts, o estaleiro líder no mercado de barcos de luxo do Brasil. Tudo foi acelerado pela perda inesperada do pai, Gilberto Ramalho, que faleceu em um acidente em 2009 em que ela e a mãe estavam presentes. “Eu tinha apenas 15 anos e precisei de um tempo para me recuperar tanto fisicamente quanto emocionalmente”, conta ela. Roberta é a quarta filha de Gilberto e filha única do segundo casamento dele. Ela descreve o pai como um empreendedor nato que atuou em vários ramos de negócios. “Nasci na fase barco”, completa.
“Ele tinha loucura por lanchas, mar e velocidade. Eu fui a raspa do tacho, tive uma criação diferente. Meu pai já era pai velho, então eu era a única criança no meio deles, tinha acesso às conversas de adultos”, relembra. Para ela, Gilberto foi um pai muito presente e ela sempre o acompanhava nas viagens e Boat Shows no Brasil e no exterior. E isso fez com que fosse adquirindo naturalmente a cultura da empresa. Roberta sempre quis trabalhar com o pai. Ela conta que este era um assunto recorrente entre eles, mas que, infelizmente, não deu tempo. No entanto, herdou uma equipe de profissionais muito preparada e coesa que a assessora na administração da empresa.
Com mais de 600 funcionários, a Intermarine produz hoje cerca de 40 iates por ano. Em 2018 começará a exportar para a Flórida, EUA.
Um barco de 80 pés demora seis meses para ficar pronto do ponto zero (laminação) até a entrega para o cliente. “Fazemos tudo aqui (numa área de 50 mil m2 em Osasco – SP) e este é o nosso grande diferencial. Não somos montadores, e sim fabricantes”, conta. A Intermarine tem engenheiros de ponta e profissionais focados em desenvolvimento de produto, além de arquitetos, marceneiros e tapeceiros para personalizar o layout da embarcação. Tudo é feito in loco, com exceção dos motores e eletrônicos.
Roberta fala do pai com orgulho: “Ele tinha muita coragem, era extremamente visionário, carismático e determinado. Era um exímio empreendedor e estava acostumado a dar o primeiro passo em negócios em que muitos não se arriscariam”.
Ao ser questionada sobre o que ficou do pai nela, responde: “Tudo! Somos muito parecidos nos defeitos e nas qualidades. Sigo a filosofia dele por meio de lemas como ‘o amanhã vai ser aquilo que você quiser’ ”. Segundo ela, nunca é fácil realizar sonhos, mas temos de ter os objetivos bem definidos e perseverar sempre. “Meu pai era um perfeccionista. Se era para executar uma tarefa, tinha de fazer direito, não havia meio-termo.”
Roberta conta ainda que, como membro de família empresária, teve sorte: “Meu pai deixou quatro filhas, uma mulher e uma ex-mulher. Todo mundo apostou no caos quando ele partiu, mas foi justamente o contrário que aconteceu. Nos unimos mais e em momento algum houve brigas”, diz, aliviada.
*Esse artigo foi publicado originalmente na Revista do Fórum Brasileiro da Família Empresária – FBFE – Na Edição Nº 1 do Ano 1.
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