Qual o segredo para o crescimento das empresas familiares?
Texto de Luciano Bordon*
O número de empresas familiares no mundo é cada vez maior e o grande desafio é permanecer nesta crescente de forma sustentável.
No final de 2016, o Boston Consulting Group (BCG) divulgou um estudo mostrando que as empresas familiares apresentaram crescimento de 21% no ano e rentabilidade de 5% no mesmo período. Já as empresas não familiares cresceram 18% e tiveram rentabilidade de 8% no período apontado.
Estes dados podem representar, entre outros fatores, que as empresas familiares, embora estejam crescendo, precisam atuar de forma estratégica em relação à gestão e controle financeiro. Ou seja, as empresas familiares estão se profissionalizando cada vez mais, mas é preciso aprimorar os processos e desenvolver boas práticas de governança. Entre elas, destaque para a realização de um controle financeiro mais eficiente, em relação à administração dos custos e acompanhamento do orçamento, assim como, entendimento do mercado de atuação, levando em consideração os riscos em que ela está inserida. O aprimoramento destes fatores possibilitará um crescimento sustentável e com maior rentabilidade.
Algumas estimativas apontam que 80% das empresas do mundo são familiares, indicando que estas estão no topo da economia global. No Brasil não é diferente e, aproximadamente, 90% das empresas são formadas por membros de uma mesma família, conforme aponta um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE. Embora elas representem cerca de 65% do PIB e 75% da força de trabalho, a pesquisa demonstra que de cada 100 empresas familiares abertas e ativas, apenas 30 sobrevivem à primeira sucessão e cinco chegam à terceira geração.
Por isso, as empresas familiares devem implantar um planejamento sucessório aliado à governança corporativa como forma de evitar que o cenário se torne ainda mais negativo. O planejamento sucessório é um processo desenhado para gerenciar riscos e deve identificar os tipos de lideranças necessárias para alcançar o sucesso a longo prazo, sejam eles dos futuros herdeiros ou executivos contratados.
Desta forma, para apoiar o crescimento estruturado e promissor das empresas familiares é preciso cumprir alguns passos, entre eles, a elaboração de um diagnóstico de governança com o intuito de entender qual a situação atual da empresa. Em seguida, criar conselhos familiares/consultivos, como, também, formar comitês (Financeiro, Recursos Humanos, TI, entre outros) que darão suporte aos conselhos. Como mais um passo do processo, faz-se necessária a atualização ou adequação dos documentos, como Estatuto Social e Acordo de Acionistas.
Além disso, podemos dizer que um dos passos para estabelecer uma boa governança é colocar em prática uma gestão de riscos eficaz, com a implementação de controles que previnam a empresa de possíveis impactos negativos no negócio. Neste contexto, há necessidade de não só estabelecer, mas de colocar em prática o cumprimento dos códigos de ética e conduta. E, por fim, a recomendação é a contratação de uma auditoria externa.
Podemos dizer que os passos mencionados acima são essenciais para uma boa governança e permitem que a sucessão das empresas familiares seja realizada da melhor forma possível, obtendo crescimento sustentável e perene dos negócios por várias gerações.
* Luciano Bordon é líder da área de consultoria da Grant Thornton Brasil
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