FBFE participa do Encontro de Liderança Feminina na BM&FBovespa
O Fórum Brasileiro da Família Empresária-FBFE, cujo pioneirismo levou ao lançamento do FBFE Mulher em maio deste ano, vertente exclusivamente dedicada a herdeiras, acionistas, executivas membros da família empresária, agregadas e futuras sucessoras, esteve entre as entidades que apoiaram a realização do Encontro de Liderança Feminina pela BM&FBovespa na quinta-feira (10/11), na sala do antigo pregão da Bolsa à Rua 15 de Novembro, Centro de São Paulo. Nelson Cury Filho, fundador do FBFE, foi um dos moderadores convidados ao evento do qual participaram mais de 100 mulheres.
Cristiana Pereira, diretora Comercial e de Desenvolvimento de Empresas da BM&FBovespa, explicou que o encontro foi pensado por sua equipe como evento inicial de uma série de programas que a bolsa desenvolverá a partir de abril de 2017 para incluir líderes mulheres – empresárias, executivas e conselheiras – no mercado de capitais. Hoje, predomina a presença masculina nos programas promovidos pela bolsa para atrair empresas a esse segmento. “A participação feminina ainda é inferior a 10%, mas certamente existem empresas lideradas por elas com planos de financiarem-se via mercado de capitais, seja emitindo ações ou dívidas”, afirmou Cristiana. Intitulado Capacitação em Abertura de Capital para Mulheres, o programa em abril vai fornecer suporte a essas profissionais, abordando os desafios e oportunidades do mercado de capitais.

O Encontro de Liderança Feminina reuniu na BM&FBovespa mais de 100 mulheres (Foto BM&FBovespa)

Nelson Cury Filho, fundador do FBFE, modera debate promovido pela BM&FBovespa para discutir o espaço da mulher na empresa familiar (Foto BM&FBovespa)
Da abertura do evento participaram Pedro Melo, CEO da KPMG Brasil; Dulcejane Vaz, executiva apoiadora do programa; a própria Cristiana Pereira; Denise Pavarina, membro do Conselho de Administração da BM&FBovespa; e Heloisa Bedicks, superintendente Geral do IBGC. “A educação é transformadora à medida em que você transforma quem aprende e quem ensina”, disse Dulcejane. E Pedro Melo se mostrou confiante: “Para as mulheres, as dificuldades no caminho são desproporcionalmente maiores. No entanto, acredito nesse tipo de realização e considero que a equidade de gêneros e a diversidade nas empresas é fundamental. Quando há essa mescla, o sucesso é garantido”.
Moderado por Sandra Boccia, diretora da marca Pequenas Empresas & Grandes Negócios, o primeiro painel do encontro focalizou a situação da mulher no cenário empresarial brasileiro, suas oportunidades no mundo dos negócios e, ao mesmo tempo, a questão da inclusão racial e de gênero. Participaram desse painel Leila Loria, conselheira de Administração; Adriana Carvalho, assessora da ONU Mulheres; Manuella Curti, diretora geral dos Purificadores Europa; e Maria Rachel Cabral Ribeiro, empresária e multifranqueada Subway.

Pedro Melo conduz painel formado por Dulcejane Vaz, Cristiana Pereira, Denise Pavarina e Heloisa Bedicks (Foto BM&FBovespa)
Nelson Cury Filho mediou o segundo painel, com a presença de Mariana Moura, sócia-diretora da Moura Sales Consultoria, presidente do Conselho de Família e conselheira de Administração da Baterias Moura; Gabriela Baumgart, diretora-executiva do shopping Cidade Center Norte; e Bia Cricci, sócia fundadora da BR Goods. O fundador do FBFE sugeriu, após relatar que em sua própria família muitos talentos femininos foram desperdiçados porque o costume era negar espaço às mulheres nos negócios, que Mariana, Gabriela e Bia rememorassem suas próprias histórias e, principalmente, explicassem como conciliaram trabalho e profissão com encargos domésticos, com destaque para as relações com os companheiros e filhos. O debate esquentou e a plateia gostou. Bia Cricci disse ter começado a trabalhar na empresa há 17 anos, mas somente há cinco empoderou-se dos negócios. “Aprendi a partir de muitos choques de realidade. Tive que aprender com meus próprios erros, inclusive como pedir ajuda.” Bia se orgulha em dizer que hoje 72% dos empregos oferecidos em sua empresa são ocupados por mulheres.
Gabriela vem de uma família empresária com mais de 80 anos de estrada. “Comecei a trabalhar com 15 anos, aprendi a servir pessoas, entender o que estava acontecendo e aguardar mudanças. Eu me formei em advocacia. Trabalhar com meu pai foi uma conquista, nem salário eu tinha. Digo que foi um exercício de humildade e resiliência. Hoje luto pela perpetuidade e modernização dos negócios da família. Estou no Comitê de Governança e no Conselho de Família-Cofa. Tenho filhos, claro. Não abro mão de lhes passar os valores e o legado da família, mas é um processo orgânico: educo, mas eles também me educam.”
Mariana, nascida e residente no Recife, é igualmente formada em direito. Primeira filha, primeira neta, seu primeiro emprego foi em um escritório de direito tributário em São Paulo. Depois ela migrou para o mercado de arte, abrindo uma galeria, onde passou oito anos. “Tenho dois filhos pequenos e meu marido não conseguia vir para São Paulo, pois trabalhava no Recife. Eu precisava voltar. Havia cursado programas de Governança Corporativa e Governança Familiar, pois percebia que teria de assumir a empresa da família mais cedo ou mais tarde. Voltei e assumi a Governança Corporativa de um grande escritório de advocacia. Em seguida criei minha própria empresa nessa área, da Moura Sales Consultoria. No momento, procuro conciliar meu negócio com a presidência do Conselho de Família da Baterias Moura e minha própria família.”
Fácil? Para nenhuma delas tem sido fácil. A culpa que costuma abalar a maioria das mulheres quando não pode atender os filhos como gostaria também as assombra, mas elas, negociadoras, e principalmente modernas, conseguem dar conta das necessidades de seus pequenos sem desistir de seus sonhos como empreendedoras. “Em casa tenho marido que me ajuda muito e me entende”, contou Bia. “Quando a gente está mais segura de si, enfrenta com mais tranquilidade a dupla jornada. É um processo mesmo”.
Gabriela revelou, por sua vez, que na relação pais e filhos não dá mais para ter aquela coisa hierárquica. “Hoje os adolescentes questionam. Minha filha quer salvar o planeta. Aquele modelo com que fomos criados não funciona mais. A gente tem que mudar.” Nelson Cury Filho também garantiu aprender muito com o filho: “Mudando nossa atitude, a gente impacta positivamente o ambiente à nossa volta”.

Mariana Moura, Gabriela Baumgart e Bia Cricci compartilham suas experiências no segundo painel do evento, moderado por Nelson Cury Filho (Foto BM&FBovespa)
Nas conclusões finais do evento, Cristiana Pereira, da BM&FBovespa, elogiou o alto nível dos convidados aos painéis e, incentivada pelas participantes que abriram o coração, revelou: “Eu queria ser piloto de avião, o Boeing me fascinava, mas ao saber que teria de me contentar em ser apenas comissária de bordo, pulei fora. Vim para a Bolsa. Tenho dois filhos, sou minoria em casa e na bolsa, mas podemos mudar isso. Gosto do desafio: tornar o mercado de capitais mais conhecido do público feminino. Por isso fica o meu convite a todas: retornem em abril, quando realizarmos um programa especial só para mulheres.”
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