Consultoria patrimonial, caminhos mais seguros para as famílias empresárias
No Brasil, famílias empresárias ainda utilizam pouco o suporte de assessoria especializada para gerir seus patrimônios, mas pode ser um erro. O alerta vem do planejador financeiro certificado pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros-IBCPF, Rodrigo Tonon Marcatti. “Em geral a família empresária recorre a uma consultoria patrimonial somente por não saber o que fazer, por exemplo, com o valor extraordinário que entrou no caixa após uma venda significativa. Planejamento financeiro, no entanto, é para fazer desde a criação do negócio”, afirma o especialista.
“A família empresária começa sem dar muita atenção ao planejamento porque está mais focada no business. Com o passar do tempo, no entanto, fica mais difícil modificar isso. Se a gente tem a oportunidade de orientar desde o início é melhor”, observa Marcatti que tem autoridade para falar sobre o assunto. É formado pela PUC-SP viagra sans ordonnance em economia e pós-graduado pela FIA-USP. Trabalhou nos bancos Safra e Fator. Seu foco tem sido a pessoa física, em geral profissionais liberais e herdeiros que não atuam nas empresas da família, mas fora delas. Acompanhe outras orientações dadas por ele:
O que é de quem?
Como planejador financeiro nossa contribuição passa por ajudar as famílias empresárias, em primeiro lugar, a separar o que é da empresa/pessoa jurídica (incluindo seus gastos) do que é da família/pessoa física (incluindo seus gastos). A gestão patrimonial só começa depois dessa reorganização. Outras perguntas que também precisam ser respondidas: 1) em que fase da vida o fundador da empresa está?; 2) Se for mais idoso, já começou a pensar ativamente em sucessão? Só então podemos saber quais as necessidades de investimento, que tipo de risco é possível correr, qual o horizonte de investimento, se há geração de caixa ou se a família está consumindo renda.
Consultoria especializada
A família empresária deve contar desde sempre com um aconselhamento especializado, porque há uma série de considerações de natureza tributária e de produto (o que se adéqua melhor a este ou àquele perfil) a serem feitas. Um assessor que conheça bem o dia a dia de investimentos, seguros, previdência e tributos pode ajudar muito, já que a gestão de patrimônio abrange bem mais do que apenas investimento financeiro. É preciso ter uma boa consultoria, ou um bom assessor financeiro, para a parte líquida, mas também para a gestão dos ativos não líquidos, como gastos, despesas, fluxo de entrada de capital, de dividendos ou não, e necessidade ou não de aportar dinheiro na empresa. Se o patrimônio da família for relevante, é preciso ter alguém que entenda de tudo isso. “Não confio em ninguém”, alguém pode dizer. “Vou fazer tudo por conta própria. Contrato um advogado para cuidar das questões tributárias e me aconselho com os gerentes dos bancos com os quais trabalho e compro os produtos que me recomendarem.” Essa é uma opção, mas pode ser arriscado não ter uma pessoa que olhe o conjunto das necessidades e oriente de maneira adequada.
Falta de liquidez, uma armadilha
Gerentes de bancos desconhecem o dia a dia da família empresária. Não sabem qual é seu consumo de renda e qual a situação de geração de caixa na empresa familiar. Quem opta por esse caminho pode cair na armadilha da falta de liquidez. Os gerentes estão mais preocupados em agradar o cliente gerando retorno de investimento do que em manter o dinheiro disponível para qualquer resgate. Muitas vezes nem querem que isso aconteça. Convencem pelo lado da taxa, mas não explicam direito quais serão as penalidades em caso de necessidade de liquidez. Eles não atentam para o consumo de recursos ou para a necessidade de aporte na empresa, tratam somente de uma parte isolada do financeiro. Já um assessor independente, que consegue saber exatamente como é o fluxo total do dinheiro naquela família empresária, com certeza prestará um serviço mais completo.
Com visão de conjunto
Um consultor financeiro que acompanha o mercado sabe buscar produtos similares, mas mais baratos, porque olha toda a prateleira das instituições financeiras. Também acompanha os riscos de crédito para assegurar proteção maior. Quando a família empresária se concentra em um ou dois bancos tende a acreditar que tudo o que estão oferecendo é de fato bom, mas pode não ser. Já quando busca um profissional isento, são maiores as chances de contar com um verdadeiro leque de opções para alocar seus recursos.
Planejamento financeiro
É fundamental. Ninguém monta uma empresa pensando em vendê-la no primeiro ano, mas pode ser que depois de certo tempo surja uma oportunidade. Dou um exemplo: vamos supor que o capital aportado em uma empresa, dez anos atrás, tenha sido de R$ 100 mil e hoje seu valor seja de R$ 10 milhões, e o dono resolve vendê-la. Ele vai apurar R$ 9,9 milhões e terá que pagar imposto sobre isso. O planejamento financeiro envolve sugerir, por exemplo, que ao ser montado um negócio, ou em algum momento antes de se pensar em vendê-lo, ele seja integralizado a um fundo de investimentos em participações de empresas. Estando num fundo, quando o negócio for vendido, não pagará imposto. Voltando à nossa hipótese: o dono pode reinvestir os R$ 10 milhões recebidos, comprar outra empresa ou títulos do governo, sem pagar imposto. Somente terá de diferir os 15% de imposto se precisar resgatar o dinheiro. Quem recebe 10 milhões provavelmente não precise de tudo. Vamos supor que precise de um milhão para comprar um apartamento. Então recebeu 10 milhões no fundo, tirou um, paga sobre um. Os outros nove continuam no fundo, pagando imposto sobre o ganho somente em cinco, dez ou 20 anos.
Aposte em seguro de vida
Nos EUA, produtos como seguros de vida e previdência privada são muito mais comuns no planejamento financeiro de famílias empresárias do que aqui. O brasileiro tem certa resistência em falar da morte. “Por que vou pagar um negócio que não vou usufruir?”, costuma perguntar. “Vou pagar pensando em morrer com 40 anos?”. Pensar assim é um grande equívoco. Há famílias empresárias nas quais um herdeiro trabalha na empresa e outro não. No caso de uma família empresária é sempre bom ter alguns seguros que diminuam o risco de os herdeiros ficarem completamente descobertos na falta do fundador ou do membro familiar que comandava o negócio, devido a intermináveis discussões de inventário. Mas o juiz só homologa o inventário quando os herdeiros entram em acordo. Tem empresa que quebra por conta dessas discussões familiares, mas no planejamento financeiro, que envolva também planejamento sucessório, pode-se contratar seguro de previdência privada ou seguro de vida para evitar esse tipo de problema.
…mas seguro de vida é caro!
A questão é saber quanto é realmente caro. Já vi cliente que se aposentou com cinco milhões, mas raciocinou assim: “Dos meus cinco quero deixar um para cada um dos meus três filhos e ficar com dois para gastar”. Tá bom, mas esse cliente não pensou que com um milhão poderia fazer um seguro de vida cujo prêmio seria de três milhões daqui há dez anos e que poderia gastar quatro consigo mesmo agora. Precisa do consultor financeiro para dar essa luz.
Quando a empresa tem sócio
Hoje em dia existe até um seguro de vida que contempla essa situação. Duas pessoas montam uma sociedade e contratam um seguro para ambos os sócios. Se um deles falecer, o outro recebe o seguro para comprar do cônjuge que enviuvou a quota parte daquele sócio. Com isso, o cônjuge de quem faleceu continua com liquidez e a empresa não precisa sair da tutela da parte que a iniciou.
Governança familiar precede a consultoria financeira
Sim. É um trabalho feito por algumas mãos. Quando a família empresária decide instalar a Governança Familiar costuma pensar somente na elaboração do Acordo de Acionistas, com apoio de um advogado. E acha que com isso estarão resolvidos todos os problemas. Para um trabalho mais abrangente é preciso contar com advogado, consultor financeiro e um consultor especializado em empresas familiares.
E você, já pensou como administrar os seus bens? Compartilhe com a gente novas dicas!
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