Renato Abissamra fala sobre Private Equity no FBFE Belo Horizonte 2022

Renato Abissamra, sócio da Spectra Investimentos discorreu no Family Business Investment 2022 realizado pelo FBFE em Belo Horizonte. Sua palestra versou sobre investimentos alternativos.
“O brasileiro se acostumou a investir durante anos em renda fixa durante e com o tempo foi evoluindo para crédito, multimercado e os investimentos alternativos ficaram distantes do cardápio nacional”, conta.
Para Renato Abissamra, no exterior, por causa dos até então juros baixos, o processo de migração para os investimentos alternativos foi acontecendo de forma natural. Hoje o americano, a maior parte das Famílias Empresárias investem boa parte de seu capital em investimentos alternativos; a parte de liquidez se tornou muito pequena, o que contribuiu para o crescimento do capital dessas famílias de forma significativa.
“Nos dedicamos ao ambiente de investimentos alternativos na Spectra”, conta Abissamra. “Há desde investimentos em empresas privadas desde o seu nascimento (early stage), nas empresas que precisam de growth capital (entrada de capital), que entra na faixa do Private Equity.
As empresas maturam e em geral se compra o controle e elas morrem. Durante esse ciclo há muitas possibilidades de se investir e de maneira distinta”, releva Renato Abissamra.
Segundo ele, quando se compra cotas de uma empresa no early stage se está apostando na qualidade do empreendedor, mas também há quem queira comprar o controle da empresa e substituir o empreendedor. Ou ainda que quer comprar na fase de queda (fase de distress), onde há apenas três stakeholders: credor, acionista e a empresa. Só se salva um nesta trajetória deprimente. O que é meio perverso.
Além do ambiente de investimento em empresas, há também a possibilidade de se investir em disputa judicial. A justiça brasileira é ineficiente, porém justa. Leva anos para que uma ação seja concluída.
“É possível nesse processo longo financiar o detentor dessa ação, principalmente nos momentos em que a ação está mais certa”, aponta Abissamra.
Segundo ele, há ainda a possibilidade de se investir em ativos reais: mobiliários, óleo e gás, mineração, entre outros. São ativos que têm um valor além do fluxo de caixa que possam gerar, há um depósito que vale alguma coisa. Esse tipo de investimento é possível no Brasil e na América Latina. A Spectra não é um fundo de Private Equity e sim investidora de Private Equity.
“Nos aliamos a outros fundos, subsidiando essa relação com o capital flexível (cerca de uma terço dos investimentos em outros fundos) e reservamos mais um terço para co-investir com os fundos em transações diretas e o restante damos liquidez para transações no meio do caminho”, revela.
O mercado de investimentos alternativos funciona com a liquidez. A Spectra é hoje a maior compradora de cotas dos mercados secundários, do mercado local.
“Fomos fundamos em 2012, temos sob gestão cinco bilhões de Reais, 510 empresas com investimento no Brasil e na América Latina e fomos pioneiros neste tipo de transação financeira”, conta Renato Abissamra.
Ainda falta muita informação sobre o mercado de privados no Brasil. E a Spectra, antes de iniciar seu histórico, estudou muito sobre o assunto e se associou ao Insper e publicaram estudos e recortes do mercado privado acessível ao público no site da empresa (maior base de dados sobre o assunto). O processo de investimento privado é complexo e necessita ser entendido o ativo em que se investe no detalhe.
“Gostamos de ser uma extensão da capacidade de nossos investidores. A forma de abordar o mercado privado é por meio de programas de investimento onde se vai alocando capital de maneira estrutural, olhando um portifólio diversificado. Para que se atinja a maturidade no privado, leva cinco, seis anos”, conta ele.
Ao investir em Private Equity vai se comprometer capital neste fundo que vai comprar empresas ao longo de até quatro anos, depois vai vendê-las, o que dura uns sete a nove anos, período longo.
A Spectra inicia fazendo uma pesquisa de gestores que podem fazer bem-feito. Faz uma análise técnica, performance, competências, histórico e depois, quando chega a conclusão de que o gestor é bom, uma psicóloga é chamada para avaliá-los para se entender se a pessoa a quem o investimento será aportado, é confiável pelos próximos dez anos.
“Importante saber se ele é resiliente, se pensa no dinheiro do investidor e não só no dele”, conta Renato. Custa caro errar na escolha. A seleção dos gestores é, portanto, bem criteriosa. Há cada dois anos buscamos novos fundos para investir. Com maior poder de compra, por ter mais dinheiro, se negocia melhor, em termos melhores e o direito de reinvestir sem pagar fee (que é relevante no valor total)”.
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