Family Office da família Klein tem como mote impacto social
São muitos os objetivos que motivam a constituição de um family office. A família Klein, herdeira das Casas Bahia, optou por um sistema de investimentos que visa, antes do lucro, defender propósitos sociais: “Para nós não basta investir em empresas que não façam mal. Nós só investimos em empresas que fazem o bem”, afirmou Raphael Klein, membro da terceira geração da família que hoje está à frente do family office, ao lado da irmã Natalie, no Family Office Summit Brazil 2018, promovido pelo Fórum Brasileiro da Família Empresária-FBFE.
Raphael e Natalie são netos de Samuel Klein, polonês sobrevivente do holocausto que imigrou para a América do Sul em 1951 e fixou residência em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, onde construiu um império varejista atendendo principalmente à camada de baixa renda da população, mediante a venda de móveis e eletrodomésticos, colchões e utilidades pelo crediário. Um modelo de negócio estudado e reconhecido em todo o mundo, como case de sucesso e de inclusão socioeconômica na base da pirâmide.
“Com esse histórico, não poderíamos pensar em nada que realmente não tivesse algum impacto social”, explicou Raphael. A estratégia de investimentos do family office liderado por Raphael é a de investir em empresas que já estão em funcionamento, com faturamento mínimo de R$ 100 mil. “Não investimos em Power Point”, afirma. A seleção das empresas é feita em parceria com a consultoria do KVIV VENTURES, fundo de investimento de impacto que atua no nicho das empresas que visam lucro e têm propósito social, no qual Raphael é sócio.
Por enquanto, sete empresas estão recebendo investimentos do family office. Raphael Klein apresentou o case de três delas. A Avante.com é uma startup de microcrédito voltada a pequenos empreendedores. A empresa oferece soluções de pagamentos e crédito para pequenas empresas. “O Brasil tem hoje 7 milhões de MEIs. Vimos aí uma grande oportunidade de negócio”, afirmou Raphael.
A segunda empresa é a Livre, fundada pelos gêmeos Júlio e Lúcio Oliveto, de São José dos Campos, no Vale do Paraíba. A empresa criou o Kit Livre, um sistema que transforma cadeiras de rodas em triciclos elétricos. “Existem 4 milhões de pessoas com deficiência motora no Brasil e a cada ano surgem 47 mil novas pessoas, geralmente vítimas de acidentes com armas de fogo ou trânsito. São jovens de 18 a 50 anos que perdem a mobilidade e muitas vezes a capacidade de trabalho. A ideia do Kit é permitir a mobilidade e assim garantir uma volta à atividade”, explicou. A empresa ainda está trabalhando em um spin-off para a criação de triciclos adaptados voltados a esportes radicais.
Hand Talk é a terceira empresa que já recebeu aportes dos irmãos Klein. A empresa criou um “intérprete virtual 3D” de língua de sinais, permitindo que pessoas surdas tenham acesso a sites na internet. “O Brasil tem 9,7 milhões de deficientes auditivos e 80% deles não sabe ler em português. Com esse recurso criado pela Hand Talk, os textos são transformados em Libras, a linguagem brasileira de sinais, permitindo o acesso a essas pessoas à informação e ao e-commerce.”
O family office dos irmãos Klein já recebeu propostas de 832 empresas e já analisou 261 delas. Noventa e sete hoje estão no comitê que decide se a análise deve ser aprofundada. Cada integrante do comitê dá uma nota de 1 a 4. Se a empresa tiver pelo menos uma nota 4, a pessoa responsável pela nota se torna analista do projeto. “Estamos o tempo todo pensando em melhorias nesse processo e analisando o impacto dessas empresas. Investimento de impacto é o novo normal”, afirma.
RAPHAEL KLEIN é graduado na Harvard Business School (OPM – Owner/President Management), criou o Instituto Samuel Klein com sua irmã, que apoia iniciativas sociais transformadoras. Junto ao seu pai, Michel Klein, conduziu a fusão com o Ponto Frio criando a Via Varejo, companhia da qual foi CEO. Em 2017 criou o fundo de investimos Kviv Ventures Capital. Raphael foi palestrante no Family Office Summit Brazil 2018 e apresentou o painel “Legado Familiar: investimentos de impacto social”.
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