Raphael Klein: História das Casas Bahia, Family Office e Terceira Geração
Futuro e próximos desafios do Grupo
O empresário Raphael Klein, 38 anos, neto do fundador das Casas Bahia, Samuel Klein (1923-2014), foi o terceiro palestrante do IX Congresso Nacional de Empresas Familiares, Family Office e Gestão de Patrimônio, em meados de abril, no Hotel Unique, em São Paulo. Ele começou creditando ao Family Business & Office School, com o qual a Wharton School, da Universidade da Pensilvânia, mantém parceria, os fundamentos de sua fala. “Tudo o que foi dito aqui anteriormente pelo professor Raphael Amit vai ajudar em minha apresentação. Montamos o nosso Family Office, eu e minha irmã Natalie, utilizando os conhecimentos difundidos por ele.”
Segundo Raphael, veio do avô a inspiração que move a família. “Esta é a primeira vez que falo dele desde seu falecimento, em 2014”, disse. “Ele era uma pessoa extremamente humilde, para quem o trabalho do empreendedor é tornar simples o complicado e o do consultor, complicar o que é simples (risos).” Samuel Klein, polonês sobrevivente do holocausto, imigrou para a América do Sul em 1951, vindo a fixar-se em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, onde construiu um império varejista atendendo principalmente à camada de baixa renda da população, mediante a venda de móveis e eletrodomésticos, colchões e utilidades pelo crediário.
Por que as Casas Bahia deram certo? “Meu avô sempre dizia: ‘Acredito nas pessoas, do contrário não abriria as portas de minha casa todos os dias’. Nós todos acreditamos nas pessoas”, afirmou Raphael. “A experiência das Casas Bahia despertou curiosidade no Brasil e no mundo, foi tema de estudos universitários aqui e nos EUA, virou case mencionado na ONU entre as empresas que ajudaram a base da pirâmide mundial”, recordou o neto de Samuel. “Até hoje a gente ouve histórias de que meu avô ajudou este ou aquele a pagar uma dívida.”
Na 2ª geração dos Klein, Michael, pai de Raphael, iniciou um processo de diversificação do negócio. Além de incrementar o núcleo tradicional das Casas Bahia, agregou-lhe a Aviação Executiva e a CBMotors. “Eu e minha irmã, a 3ª geração dos Klein, participamos dos negócios e abrimos os próprios, além de também criarmos negócios de impacto social. E todos estão crescendo, apesar da crise”, garantiu Raphael. Brincando, ele diz ter ido trabalhar nas Casas Bahia com somente seis anos, “na época, montando e desmontando correntes de clips, é claro.”
Aposta no futuro
Natalie, formada em Arquitetura pela FAAP, preside a Talie Indústria, Comércio, Exportação e Importação de Confecções e Acessórios. Em 1997 inaugurou a NK Store, que nasceu com um conceito inovador de curadoria de moda no segmento de luxo. Em 2010, inaugurou uma filial da NK Store no Rio de Janeiro. Em 2013, tornou-se acionista da Capital Brasileiro de Empreendimentos e Participações (CBEP).
Raphael graduou-se em Administração de Empresas pela Ford University e fez especialização na Florida International University, passando a trabalhar na Marlin Mazda e depois na Ford Motor Company Dealer, em Coral Gables, até retornar ao Brasil, onde atuou com o pai nos negócios das Casas Bahia até a fusão com o Ponto Frio, o que deu a origem à Via Varejo, da qual foi CEO até novembro de 2012. A partir daí fundou a ROIx, prestadora de serviços de base para a produção de vídeos. Dois anos depois, participou do Private Wealth Management Program, na Family Business School, em Miami, e criou em parceria com a irmã o Instituto Samuel Klein, cuja missão é promover investimento social de impacto em três eixos: educação, difusão da cultura judaica e empreendedorismo. Em 2015, tornou-se sócio da Ionnica, empresa brasileira de desenvolvimento tecnológico para tratamento de águas e efluentes, e juntou-se à agência Avante, que concede micro-financiamentos para a base da pirâmide social brasileira.
“Meu avô não sabia ler nem escrever direito, mas tinha certeza de que só a educação muda o mundo”, disse Raphael, definindo em seguida a Agenda Brasil do Futuro: “Esse é um projeto pessoal meu. Consiste em ofertar propostas e ações a qualquer governo, independentemente do partido político, visando, por exemplo, a transparência nas licitações. Objetivo? transformar a cultura de pensar o Brasil, a fim de que cada um de nós possa ter orgulho de ser brasileiro. Quem queremos inspirar? Pessoas como minha filha Ester, de apenas um ano e meio, que mudou a minha vida. Olhamos as coisas de um jeito diferente. A questão é: ganhar dinheiro só ou construir empresas que fazem as coisas corretamente e um Brasil melhor?”
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