Durante o Family Office Coffee, realizado pelo Fórum Brasileiro da Família Empresária (FBFE) e pela Capri Family Office, Flávia Camanho, especialista em estruturação e gestão de family offices, compartilhou seus valiosos conhecimentos.
Formada em psicologia, ela iniciou sua carreira como estagiária no Grupo Pão de Açúcar, onde teve a oportunidade de observar de perto a dinâmica de uma grande empresa familiar.
“Costumo dizer que entrei no Pão de Açúcar pela porta dos fundos. Ali, eu percebi os olhares e as dúvidas sobre se eu tinha competência ou não para estar na cadeira que ocupava”, recordou.Seu pai, um médico ortopedista, era muito próximo do empresário Abílio Diniz, então à frente do Grupo.
Esse foi o ponto de partida de uma trajetória rica, cujos aprendizados foram compartilhados no Family Office Coffee, na quarta-feira (2/10), com representantes de famílias empresárias. Ela abordou com propriedade o tema: “Por que as famílias empresárias devem profissionalizar a gestão da família e seus investimentos?”.
Flávia exerceu a função de executiva de desenvolvimento humano e governança familiar em diferentes empresas. Além do Pão de Açúcar, passou pelo ABN Amro Bank e pela Johnson & Johnson, até ser convidada para dirigir o Family Office Cia ESA, da Itaúsa. Ela atribui sua indicação ao cargo principalmente à sua atuação na sucessão de Abílio Diniz, no Pão de Açúcar.
“Entrar pela porta dos fundos no Pão de Açúcar, na primeira etapa da minha carreira, foi o que me credenciou para entrar pela porta da frente na Cia ESA”, lembrou.
Por quase dez anos, Flávia ocupou a posição de diretora de Family Office dos acionistas da Itaúsa, sendo responsável pela implantação de toda a estrutura de governança da instituição, incluindo a formação da próxima geração, a constituição familiar, as regras de protocolo de família e o suporte ao Conselho de Família.
Seu trabalho foi fundamental para que a Cia ESA se tornasse um dos family offices mais respeitados do mundo.
“Depois de dez anos na Itaúsa, senti que tinha repertório para mais famílias. Hoje, temos uma carteira com várias, algumas no Conselho, outras na governança”, disse Flávia. Atualmente, ela integra os conselhos da Credsystem, Zona Sul Supermercados e Bauducco, além de prestar consultoria como coach e mentora.
Flávia destacou a importância da profissionalização e formalização da governança para famílias empresárias. “É essencial que exista uma estrutura formal para a governança, com rituais e processos bem definidos. É preciso saber o que deve ser discutido e em que espaço essas discussões ocorrerão”, explicou Flávia Camanho.
Outro ponto crucial na criação de um family office é a gestão do patrimônio. Segundo Camanho, diversificação é a palavra-chave. Além disso, é fundamental haver alinhamento em relação aos objetivos e ao apetite para risco.
“Se isso não for claramente estabelecido, o desgaste pode ser enorme”, alertou Flávia Camanho. Entre as decisões importantes está a definição do que é patrimônio conjunto e do que não será compartilhado.
“É indispensável formar acionistas responsáveis.” Não se trata apenas de preparar herdeiros para gerir o negócio, mas de garantir que eles compreendam a responsabilidade de empreender no país, salientou Flávia Camanho.
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