Flávia Camanho no Family Office Summit Brazil 2023
Flávia Camanho iniciou sua carreira como estagiária na área de RH do Pão de Açúcar e passou por grandes grupos empresariais nas áreas de varejo, indústria e finanças. Na área de Governança Familiar, atuou por quase dez anos na CIAESA (Family Office da Itaúsa), onde participou da implementação da estrutura de governança familiar e reuniu boa parte do seu conhecimento.
Algumas lições obtidas a partir dessa experiência foram compartilhadas durante a sua palestra, na qual Flávia Camanho “expôs importantes reflexões sobre as razões para se criar um Family Office e dicas preciosas de como fazer a gestão dessas estruturas.
“Não há sete passos, dois jeitos ou cinco formas de se fazer a governança de Family Offices. Cada família tem seu timing, o momento que está vivendo, um número de gerações e de sócios envolvidos, uma composição acionária específica”, afirmou Flávia Camanho.
Todas essas variáveis darão a medida para se fazer uma abordagem personalizada, específica para aquele Family Office – o que a executiva costuma chamar de “alta costura” em matéria de gestão.
Além da primeira dica – a de que não há receita pronta para os Family Offices –, Flávia Camanho também abordou temas como a organização do patrimônio, governança e plano de sucessão, entre outros pontos. Ao tratar da gestão de patrimônio das famílias, a executiva observou que, além de organizar como investir, diversificando os ativos e analisando riscos, é necessário que se olhe para os investimentos sob a ótica da sustentabilidade.
“Temos que começar a estabelecer uma sintonia entre o patrimônio que vem da tradição e de tudo o que foi construído, com o futuro que a gente vai encarar”, afirmou. “É preciso investir em novas tecnologias, em energia limpa e em tecnologia verde.”
Ela lembrou que cada Family Office deve ter sua estrutura específica, adequando-se à necessidade da família, ressaltando, contudo, que não basta ter uma boa estrutura.
“A estrutura sozinha não leva a nada. Se a gente desenhar tudo o que a gente quer e não ritualizar a governança, ela não sai do lugar”, acrescentou, destacando que essa dica é essencial para que os Family Offices possam se transformar em um espaço que propicia a educação dos membros da família, a tomada de decisão em conjunto e a gestão de conflitos em um ambiente protegido e com regras claras.
Um quesito importante a ser incorporado à governança, segundo ela, é a ética.
“Temos que olhar o que transmitimos para as gerações seguintes”, disse ela. “Não adianta fazer uma estrutura se a base ética está frágil”, disse, lembrando casos de muitas empresas “que deram sustos” recentemente, apesar de contarem com governanças instauradas e toda uma estrutura de conselhos e comitês.
Outro tema importante abordado foi a sucessão. “Em algumas conversas que tenho com clientes, é comum alguém dizer: ‘se eu morrer…’. Aí eu falo: ‘eu não queria te dizer isso, mas em alguma hora vai acontecer”, brincou. Segundo ela, os Family Offices são o ambiente apropriado para tangibilizar assuntos como esse, que soam mais delicados fora dali. Flávia destaca que há uma condição imprescindível para a pessoa ungida se tornar líder da empresa: estar alinhada com os valores da família.
“O executivo pode ser muito competente, mas se não tiver o entendimento do ritmo da família, de quem são os seus players, dos valores da família e de que ela toma decisão, não vai dar certo”, afirmou. Por isso, é preciso que a família empresária tenha uma estratégia de sucessão. “E sucessão é um assunto de hoje. Já começou. Quem não fez nada, está atrasado”, afirmou.
Ao falar sobre a educação das próximas gerações das famílias, Flávia disse que um dos pontos que mais ressalta é evitar que as gerações anteriores procurem repetir, nessa transmissão de conhecimento, aquilo que deu certo para eles.
“Temos de direcionar o conhecimento para o que será necessário à frente, e não para entender o que foi feito no passado”, ressalta. Para isso, observou, existem cursos nacionais e internacionais que, além de fornecer uma boa base para o futuro, facilita o networking, “que é uma coisa tão poderosa e a gente sabe fazer tão mal”.
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