Felipe Gomez, Client Advisor Team Lead no J.P. Morgan Private Bank (o maior banco prime do mundo) palestrou para os empresários presentes no evento do Fórum da Família Empresária, FBFE em Fortaleza sobre “a importância da diversificação global e investimentos offshore”.
Felipe Gomez abriu a palestra falando do prazer que era estar em Fortaleza, pois já tinha sido banker por lá e que estava contente em poder dividir com a plateia questões referentes a importância da diversificação de investimentos a longo prazo numa plataforma offshore.
“Já que propomos diversificação para os nossos clientes, é importante fazer a defesa do porquê do nosso posicionamento”, afirma Felipe Gomez. A primeira parte da palestra Gomez falou mais do mercado global e depois, na segunda, focou mais no mercado nacional.
Segundo eles, muitos dos nomes que figuram nas listas dos mais ricos do mundo chegaram lá por meio da concentração. Quando falamos em Jeff Bezos e Bill Gates, vemos que estão com essas ações há muito tempo. Então nos perguntamos, não é melhor concentrar para conseguirmos alcançar um patrimônio do tamanho do Bill Gates?
Para responder a essa pergunta, Felipe Gomez sugeriu aos presentes dar uns passos atrás e pensar quem seriam eles ou os semelhantes a eles. Além do mais, ao final do dia, essas empresas também são companhias bem diversificadas. Pensamos na Amazon, por exemplo, como uma ação somente, mas não podemos esquecer que ele começou vendendo livros online e hoje um dos principais negócios é a parte de nuvem, o cloud.
Mas sim, os dois tiveram sucesso.
Do outro lado vê-se Warren Buffet que sempre diversificou muito e é a pessoa mais resiliente na lista das pessoas mais ricas do mundo há 30 anos. Essa semana saiu uma notícia que Zuckerberg do Facebook perdeu recentemente 70 bilhões de dólares porque estava muito concentrado.
Já Warren Buffet, se você abrir a carteira de investimentos dele, vai ver que tem um pouco de tudo: bancos, seguradoras e até uma companhia que vende salame e ketchup (a Heinz/ Kraft). Há muitas oscilações de patrimônio na lista dos mais ricos, mas Buffet sempre se mantém presente. Segundo Buffet, em uma de suas frases célebres, “não faz muito sentido falar de diversificação para quem sabe o que está fazendo”. É natural porque ele já diversifica.
Somente 10% das maiores 3000 companhias dos Estados Unidos na bolsa de valores americana nos últimos 40 anos são consideradas mega winners ou aquelas que cresceram mais de 70% ao ano. Os mega losers são os outros 10% e no meio do caminho presume-se haver números interessantes. “Mas não; a verdade é que dois terços das companhias listadas no período não conseguiram bater os seus próprios índices”, diz Felipe Gomez.
Mais da metade das companhias que já foram listadas dentro do Russel 3000 já tiveram perdas catastróficas e nunca se recuperaram e nem conseguiram voltar para o índice.
E aí fica uma pergunta no ar, ao falar de casos óbvios como a Blockbuster e a Kodak onde a gestão não foi a mais adequada. A cada 3 de 4 companhias que foram consideradas catastróficas o foram fora da gestão, e sim por fatores que não havia como ter controle. Pode haver, do nada, aumento do preço do seu commodity.
“O avanço da Rússia em direção à Ucrânia se fez da noite para o dia e fez o preço dos commodities disparar e muitas companhias foram pegas de surpresa e vão falhar, se já não tiveram falhado”, relata Felipe Gomez.
Focando mais no Brasil é preciso pensar no Governo, processos trabalhistas, fraudes, roubo intelectual. Há uma série de fatores aqui que não fazem parte da gestão em si.
Das 400 famílias que começaram da lista na Forbes das pessoas mais ricas dos Estados Unidos em 1980, sobraram somente 10. E o que houve com elas? Durante esse processo houve concentração, processos e até coisas fora do poder de gestão delas.
Sim, houve também casos de concentração que obtiveram bastante sucesso, mas se você quiser tentar ganhar por um caminho que haja menos volatilidade e que o patrimônio se perpetue, o ideal é diversificar, pois alcançará os objetivos com maior grau de sucesso.
“Temos 31 bilhões só em gestão de capital brasileiro. Quando pensamos no brasileiro, somos muito enviezados porque pensamos que a nossa moeda, o Real, é forte ou deveria ser mais forte que o nível atual. Porém o Real não entra na conversa quando se pensa em reserva de valor global. Entra o dólar, o Euro e o Iene”, conta ele.
“Se colocar num contexto geral, na primeira guerra, primeira recessão, primeira pandemia, quem vai valorizar são as outras moedas. Pensar dessa forma dá um choque de realidade em pensar que não somos tão relevantes quantos pensamos”, explica.
O Brasil representa 3,2% do PIB global e tem 2% do mercado de renda fixa e no mercado de renda variável, 0,9%. Na hora que o investidor brasileiro vai investir o seu recurso, ele coloca 99,2% do seu patrimônio líquido em investimentos brasileiros.
“Não faz sentido ele ter 3% no Brasil, mas 99,2% é um exagero”, diz Gomez que diz que o mercado brasileiro é um pouco escasso. Ao investir no IBOVESPA se investirá em poucos setores e vai ser muito pesado em cima de financeiro, materiais e energia e menos em TI etc. Uma vez que se atinge o mercado internacional imediatamente está mais diversificado em setores da economia e como em outras moedas.
Ao se investir no Brasil, se investe no país e talvez um pouco no mercado da América Latina, mas na hora que se acessa o mercado internacional, no SP500 por exemplo, 500 maiores empresas listadas na bolsa de valores americanas, 40% de sua receita vem de fora dos Estados Unidos. “Nosso Beta é de 1.5% (se a bolsa americana sobe 1%, a brasileira sobe 1,5% e se a americana cai 1%, a nossa cai 1,5%)”, diz. É perigoso ficar extremamente alocado no Brasil.
E ao mandar o recurso para fora, no que se deve investir? A resposta é a mesma: diversificação, uma série de setores e classes de ativos porque funcionam.
A perspectiva da inflação americana é ficar em 2, 3% ao ano.
Quanto mais a longo prazo for o investimento, mais certeiro será o retorno na bolsa americana. “No primeiro ano, o ruim, você pode ter menos 15% de rendimento e no melhor, 33%. Então a longo prazo em cinco anos, o pior retorno é diluído pelo melhor rendimento e o resultado será positivo”, conta.
Daqui para frente haverá momentos mais positivos. E é durante a recessão que há os melhores retornos.
Nunca se sabe onde é o momento favorável, perfeito para entrar no investimento, mas hoje está num momento favorável. “Os day-traders acompanham mais de perto as oscilações, mas mais de 90% deles falha”, revela Gomez.
Segundo Gomez, o J.P. Morgan defende a diversificação versus a concentração para se tentar perpetuar o patrimônio e além disso, tenta tirar o viés brasileiro e pensar como se investe de uma forma global para diversificar também e a longo prazo.
Quer saber mais sobre o J.P. Morgan Private Bank no Brasil? CLIQUE AQUI!
Nenhum comentário foi deixado.