FBFE traz a São Paulo, David Bentall, um dos maiores conhecedores de Family Business do mundo
O palestrante internacional David Bentall e o presidente do banco Fator, Marco Antonio Bologna – executivo responsável pela fusão das gigantes familiares Lan e Tam -, se reuniram na noite de terça-feira, 03/10, em São Paulo, para participar de um debate organizado e mediado por Nelson Cury Filho, fundador do Fórum Brasileiro da Família Empresária-FBFE. Com o tema “O consultor, o executivo e o herdeiro na empresa familiar. Como conduzir essa orquestra?”, o evento atraiu cerca de 100 convidados, quase o dobro do esperado.
Para atingir esse objetivo, um dos principais pontos é fazer com que os membros da família promovam reuniões, fóruns e outros eventos para que sejam estimulados a expor suas ideias e administrar seus conflitos. “Ninguém deve ser deixado de lado, mesmo os que não querem entrar propriamente no negócio”, enfatizou Bentall. É aí que o trabalho dos consultores de famílias empresárias mostra a veio: simplesmente fazer com que os donos de empresas, principalmente os fundadores, consigam transmitir o legado sem rebaixar os herdeiros.
Bentall citou o caso de um grande empreendedor cujo sonho era ver os filhos tocando sua empresa. Mas sempre que se reunia com a prole, ele perdia o controle e, aos berros, esmurrando a mesa, ele queria ter seu ponto de vista aceito. Dessa maneira, ele afastava os herdeiros – para o seu próprio desgosto. Entendendo que o seu maior desejo era deixar o legado para os filhos e vê-los bem sucedidos diante desse desafio, a consultora pediu permissão para apertar a perna dele durante as reuniões, cada vez que ele se excedesse na bronca. Dessa forma, a especialista conseguiu que o fundador se comunicasse melhor com seus próprios filhos, tornando-os menos refratários às ideias do pai.
Bologna citou outro caso interessante, sobre a sucessão nas empresas do falecido “rei da soja”, o empresário Olacyr de Moraes. Em um determinado momento da carreira, Olacyr, que além de fazendeiro era empreiteiro, passou a presidência de sua construtora (a empresa que tinha melhores resultados no grupo) para o filho. O jovem assumiu e, logo na primeira semana de trabalho, deu suas ordens à diretoria que já estava lá sob o comando do pai há cerca de 20 anos. Na segunda semana de trabalho, ao verificar que suas ordens não haviam sido implementadas, ele questionou o porquê e os executivos responderam: “Ah, o seu pai passou aqui na sexta à noite e mudou tudo”. Imediatamente, o filho se dirigiu ao pai e comunicou: “Eu gosto muito de você e não quero brigar, quero só a demissão”. E então ele abriu uma empresa que fabricava pagers. Depois criou a Zipnet, que acabou vendida por 365 milhões de dólares para a Telecom Portugal. Esse caso de sucesso comprova que herdeiros também podem brilhar em outras áreas porque muitos herdam, além do patrimônio, o DNA de empreendedor. Mas isso não é uma regra. Assim como existem herdeiros que não dão continuidade ao legado por falta de identificação com o negócio criado pelo pai.
Por isso, segundos os consultores, um dos exercícios vitais para a longevidade de uma empresa familiar é imaginar como ela será daqui a uma década. Além disso, para que possam assumir qualquer cargo, é recomendável que os herdeiros atendam os seguintes pré-requisitos: se graduar em alguma área; após a graduação, trabalhar durante no mínimo três anos fora do grupo; obter uma pós-graduação; e finalmente, para aqueles que desejam isso, voltar ao grupo num programa de job rotation até que cheguem ao topo.
Se os conselhos de um consultor são úteis, é impossível ignorar os conselhos da mãe do consultor. E Bentall citou a sua mãe, que dizia: “Não se pode motivar uma pessoa a realizar um trabalho, mas podemos, sim, ajudá-la a descobrir quais são as suas paixões”. Tanto isso é verdade que, segundo o canadense, hoje nas empresa americanas uma boa prática para despertar nos herdeiros o interesse pelo negócio da família é permitir que eles invistam em seus próprios sonhos. “O fundador dá até 100 mil dólares para que, dentro do guarda-chuva do grupo, o herdeiro crie sua empresa”, relatou Bentall. “Se ela for bem sucedida, vira portfólio do grupo e aumenta a renda da empresa; já se for mal, o herdeiro entenderá que foi livre para realizar o seu sonho, ao invés de ter sido podado, o que o fará assumir o negócio da família sem arrependimento”
A Grant Thornton, patrocinadora oficial do FBFE, apoia empresas familiares por meio da prestação de serviços que podem auxiliar a viabilizar seus planos de negócios e/ou estratégia de crescimento; e assessora as famílias como pessoas físicas. O Banco Fator, outro importante patrocinador do FBFE, tem em conta como é fundamental instrumentalizar a empresa familiar para atravessar períodos complexos como o da atualidade por meio do debate e da conscientização da família empresária.
O Hotel Emiliano, representado por Gustavo Filgueiras, executivo e um dos herdeiros do grupo, sorteou diárias em seu mais novo empreendimento no Rio de Janeiro. Já a Grand Cru, harmonizou o jantar oferecido aos empresários após a palestra. E a Audi, fabricante de automóveis cobiçados no mercado pelo elegante design e excelência tecnológica, também sorteou vouchers.
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