O economista Milton Dallari diz, em palestra no FBFE Ribeirão Preto, que em tempos bicudos a ordem é perseverar
Fundadores, herdeiros e acionistas de famílias empresárias participaram do Fórum Brasileiro da Família Empresária-FBFE, realizado em Ribeirão Preto, na última quarta-feira (05/04/2017). O restaurateur Tullio Santini Junior abriu as portas do seu novo empreendimento, o Cappo Espaço, e reuniu os maiores empresários da região. Em uma iniciativa única a Grant Thornton, uma das maiores empresas de auditoria e consultoria do mundo, se uniu à Audi Eurobike e à recém-criada B3, resultante da integração das operações da BM&FBovespa com a Cetip, e trouxeram ao encontro o conceituado economista Milton Dallari.
Sobre a B3: trata-se de uma empresa de infraestrutura de mercado financeiro de classe mundial e uma das cinco maiores em valor de mercado, entre as líderes globais do setor de bolsas. Ela cria e administra – em ambiente de bolsa e de balcão – sistemas de negociação, compensação, liquidação e registro para todas as principais classes de ativos, desde ações e títulos de renda fixa privada até derivativos de moedas, taxas de juro e de commodities, além de operações estruturadas e registro de ônus e gravames. Também oferece serviços de central depositária e de sistemas de controle de risco até o beneficiário final e atua como contraparte central para as operações realizadas em seus mercados. É a companhia líder na prestação de serviços de entrega eletrônica das informações necessárias para o registro de contratos e anotações dos gravames pelos órgãos de trânsito. Tem sede em São Paulo e escritórios em Nova York, Londres e Xangai.
Dallari, um dos responsáveis pelo planejamento e implementação do Plano Real no Brasil, durante o Governo FHC, e consultor empresarial da Decisão Consultores Associados, falou sobre “Os Desafios da Empresa Familiar em Época de Crise”. A respeito do panorama político, Dallari foi conciso: “Se conseguir viabilizar as reformas que aí estão propostas – previdenciária, política, trabalhista e sindical –, o Governo Temer já terá se justificado”, disse à plateia. Mas advertiu: “Do que precisamos, empresários e sociedade em geral, é acompanhar pari e passu as modificações que estão sendo colocadas”.
Aos empresários, em particular, o economista afirmou que em momentos de crise os desafios parecem se avolumar e nublar as perspectivas à frente. “Mas como as crises, comprovadamente, são propícias ao crescimento, em tempos bicudos a perseverança é que manterá ativa e forte a empresa familiar”, preconizou. Dallari orientou as empresas familiares a trabalhar para melhorar cada vez mais seus sistemas operacionais. “Tempos bicudos”, insistiu, “exigem muita competência do empresariado. Governança é o ponto crítico em muitas empresas familiares. Assim, é preciso investir pesado aí. Modificar alguns procedimentos que vinham dando certo ao longo da trajetória das empresas, mas já não funcionam, adotar novos e criar. Os desafios deste mundo novo, com novas tecnologias e tudo o mais que aí está, são cada vez maiores, exigindo preparo, disposição para inovar e muita competência.”
“As empresas familiares têm que se conscientizar das dificuldades econômicas do momento”, alertou. Seu conselho é que examinem o nível de endividamento bancário e tributário de seus negócios, tentando renegociá-lo com os bancos e o fisco na medida do possível. “Para aquelas que estiverem bem capitalizadas, o momento é propício para planejar e colocar em prática novos investimentos.”
Dallari recomendou à empresa familiar se informar sobre a implantação de Governança: a Corporativa, com Conselho Deliberativo, política de cargos e meritocracia, e a Familiar, com Conselho de Família-Cofa, definição de estratégias de desenvolvimento intelectual e profissional dos membros e estabelecimento de acordos de convivência. “Não convém que os problemas familiares interfiram nos negócios, ainda mais em época de crise econômica”, disse. “Para evitar esse tipo de conflito, o Conselho de Família deve designar um ou dois membros da família para participar do Conselho Deliberativo e aquele que for mais bem preparado para participar da Diretoria da Empresa.”
Outra de suas recomendações às famílias empresárias é que procurem preparar seus sucessores desde a infância, mas com o cuidado de respeitar aquilo que desejam. “A capacitação do membro familiar começa na pré-escola, mas pode ser que alguns não tenham interesse em trabalhar na empresa da família ou queiram ter outras profissões. Independentemente da escolha que fizerem, terão que estudar e se preparar adequadamente para serem bons profissionais. E se quiserem trabalhar na empresa, além de estudarem, serão obrigados a seguir regras básicas não só de processos administrativos e empresariais como de processos familiares. Mas isso também não basta: é preciso que tenham humildade para aprender com os outros.” Mente aberta é fundamental, assegurou Dallari, para se ter sucesso em tudo na vida.
A Grand Cru regou o jantar oferecido por Santini com os vinhos argentinos Familia Gascón Malbec e Cabernet Sauvignon, da vinícola Escorihuela Gascón. Essa vinícola é uma das mais antigas de Mendoza e foi fundada em 1884 por Miguel Escorihuela Gascón. Sua história coincide com a de muitas famílias empresárias pelo mundo. Em 1882, Miguel, oriundo de Aragon (Espanha), então com 19 anos, descobriu seu interesse por vinhos ao trabalhar em uma mercearia em Buenos Aires, onde recebia a bebida em barris de carvalho vindos da região de Mendoza. Nesse ano ele se mudou para Mendoza e iniciou uma parceria com uma mercearia local, onde se dedicou à vinicultura e à construção da bodega.
Uma das surpresas da noite foi o sorteio da prestigiada agência de turismo Teresa Perez Tours, que ofereceu diárias no hotel cinco estrelas Unique Garden, no interior paulista.
Confira tudo o que rolou no evento!
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