Henrique Meirelles fala sobre os desafios econômicos do Brasil

Henrique Meirelles , ex-ministro da Fazenda, apresentou às famílias empresárias, durante o Family Office Dinner 2025, relatos de sua carreira vitoriosa e diversificada, além de sua visão acerca dos desafios atuais da economia brasileira.
A inspiradora trajetória profissional de Henrique Meirelles e sua visão privilegiada sobre o cenário econômico foram os grandes destaques da noite, promovida pelo Fórum Brasileiro da Família Empresária (FBFE). Com o patrocínio da Warren Investimentos, o jantar reuniu, em São Paulo, representantes de importantes famílias empresárias, famílias investidoras e Family Offices.
Henrique Meirelles rememorou momentos importantes de sua caminhada, desde os primeiros passos como estudante até as decisões que moldaram sua carreira. Ele relatou suas experiências no BankBoston, onde atuou por 29 anos, chegando à presidência global da instituição, e revisitou sua atuação no setor público, englobando o período como presidente do Banco Central nos dois primeiros mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva, seu tempo como ministro da Fazenda no governo de Michel Temer e sua gestão à frente da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, no governo João Doria.
Em um ambiente descontraído e marcado pelo grande interesse dos presentes, Henrique Meirelles também expôs sua análise apurada sobre os rumos da economia brasileira. Respondeu às perguntas feitas por Nelson Cury Filho, fundador do FBFE e anfitrião do evento, e Felipe Salto, sócio e economista‐chefe da Warren Investimentos, além das de outros convidados. A seguir, alguns dos destaques dessa conversa.
Felipe Salto – Quando o senhor morava em Goiás, na juventude, já pensava em cursar engenharia e, depois, seguir uma carreira na área econômica?
Henrique Meirelles – Desde jovem, tive interesse tanto pelo setor público quanto pelo privado. Ainda adolescente, exerci uma atividade de liderança estudantil e fui presidente da Confederação Goiana de Estudantes, onde desenvolvi competências que marcaram minha trajetória. Com 16 ou 17 anos, aprendi a me comunicar com eficácia e a exercer liderança. Ao me mudar para São Paulo, ingressei na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Durante o curso, fundei uma empresa onde fiquei dois anos e adquiri uma experiência importante . No entanto, logo percebi que não desejava seguir a engenharia como carreira. Concluí o curso, fiz um mestrado em Economia e, posteriormente, aprofundei meus estudos em Administração.
Ao concluir a tese de mestrado em Administração na Coordenação de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), recebi diversas oportunidades profissionais: uma vaga no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), uma posição na Mesbla e um convite de um professor para seguir na carreira acadêmica. Além disso, surgiu uma proposta do Bank Boston. Na época, os bancos estrangeiros no Brasil tinham barreiras à ascensão de profissionais locais. Todos os presidentes do BankBoston no País eram americanos, e, dentre as oportunidades que eu tinha, essa era a que oferecia o menor salário. Ainda assim, escolhi seguir por esse caminho. Quando questionado pelos colegas, expliquei que se tratava de um banco internacional, onde poderia adquirir conhecimento valioso e construir novas possibilidades para o futuro. No entanto, permaneci no BankBoston por 29 anos e cheguei a presidente global, período que me proporcionou aprendizados fundamentais e uma profunda transformação pessoal.
Nelson Cury Filho – O senhor foi o primeiro brasileiro a presidir o BankBoston, elevando a instituição a um patamar inédito no setor bancário. Quais foram, internamente, os maiores desafios enfrentados nessa posição?
H.M. – Minha carreira no banco teve alguns episódios inusitados. Certa vez, proferi uma palestra em Baltimore, no Estado de Maryland, para um público composto por mais de mil mulheres empreendedoras. Havia dois homens na sala, um segurança e eu. Fiz o discurso de abertura do evento, enquanto o encerramento coube ao então vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore. Finalizado o discurso, uma jovem aproximou-se e disse: “Tem algo que mencionaram aqui e que gostaria de comentar”. Curioso, indaguei o que seria, e ela respondeu “Disseram que o senhor foi o primeiro estrangeiro a presidir o BankBoston. O senhor não pode ser brasileiro; meu avô foi o maior depositante do banco e nunca conseguiu ser recebido pelo presidente do banco por ser descendente de irlandeses”. Disse a ela que essa cultura estava mudando.
Após sua saída, perguntei quem ela era, e me informaram tratar-se de Kathlyn Kennedy, filha de Robert Kennedy e sobrinha do John Kennedy – sendo o avô mencionado Joseph Kennedy. Essa jovem é irmã do atual ministro da Saúde dos Estados Unidos, Robert Kennedy Jr. Esse episódio exemplifica um dos desafios que enfrentei: superar barreiras culturais e estruturais dentro da instituição. Para se ter uma ideia, existiam pessoas conhecidas como “Boston Brahmins”, formado por famílias tradicionais da cidade, que historicamente ocupavam posições importantes. Contudo, essa mentalidade, aos poucos, foi se transformando. Aprendi muito nesse período, especialmente pelo fato de a instituição ter presença em 32 países.
Felipe Salto – O que motivou alguém tão bem-sucedido no setor privado a se envolver com o Banco Central, o ministério da Fazenda, a Secretaria da Fazenda de São Paulo e tantas outras iniciativas? E, além disso, continuar atuando ativamente no debate público até hoje? O que o impulsiona?
H.M. – No Brasil, a economia está constantemente marcada por crises, e isso foi o que me instigou. Minha atuação no setor privado estava consolidada – já havia alcançado os objetivos que pretendia, ou até ultrapassado minhas expectativas. Retornei ao Brasil com o intuito de contribuir para o País. Esse sempre foi meu propósito.
Conversei com diversas pessoas sobre o futuro, inclusive com os candidatos a presidente da República. Questionei um interlocutor importante sobre qual partido deveria considerar. Ele me indicou o PSDB, que já era a minha escolha. Posteriormente, fui abordado por representantes do PT, que comentaram estar cogitando o meu nome para a presidência do Banco Central. Após as eleições, estava em New York organizando minhas coisas para a mudança para o Brasil.
Um representante do presidente Lula, recém-eleito, disse-me que ele iria a Washington naquela semana em sua primeira visita oficial. Perguntaram se eu poderia ir a Washington para encontrá-lo. Nessa reunião, a primeira pergunta foi direta: “Meirelles, o Brasil tem jeito”? Disse que sim e expliquei quais as medidas que precisavam ser tomadas. Logo depois, fui convidado por ele para assumir a presidência do Banco Central, proposta que aceitei, sob uma condição de independência na tomada de decisões, que foi integralmente atendida.
Nelson Cury Filho – O Brasil tem enfrentado desafios econômicos significativos nos últimos anos, como inflação elevada e baixo crescimento. Em sua visão, quais seriam as principais medidas para retomar um crescimento sustentável Sr Henrique Meirelles?
H.M. – O principal entrave do Brasil hoje é a incerteza econômica, que gera desconfiança e preocupa os agentes do mercado. Em dezembro, por exemplo, houve um recorde na saída de recursos do País, reflexo desse cenário de insegurança. Muitos estão apreensivos por diferentes razões. Uma das medidas essenciais para restaurar a confiança é resolver a questão fiscal. A geração de empregos depende do setor privado, que necessita de um ambiente econômico estável para investir. Além disso, embora os programas sociais sejam fundamentais para apoiar as famílias mais vulneráveis, nada substitui a criação de postos de trabalho. Para que isso ocorra, o equilíbrio das contas públicas é indispensável.
Outro desafio estrutural do Brasil é a baixa produtividade. O Banco Mundial realiza medições periódicas sobre o tema, e o País tem ocupado uma posição desfavorável no ranking global. Ao encerrar minha gestão no Ministério da Fazenda, deixei uma proposta voltada à melhoria da produtividade nacional, pois esse é um dos problemas centrais da economia. A reforma tributária é crucial. O sistema que prevaleceu até agora é excessivamente complexo: o ICMS, por exemplo, varia entre setores, entre Estados e, por vezes, até dentro do mesmo segmento, com regras divergentes. Essa configuração cria insegurança jurídica e desestimula investimentos.
A burocracia é outro entrave ao crescimento. É fundamental avançar na simplificação de processos e na modernização do ambiente de negócios para tornar o Brasil mais competitivo.
Felipe Salto – O governo atual aprovou a reforma tributária. O senhor acredita que essa medida trará bons resultados para a iniciativa privada e o crescimento econômico? Ou será preciso aguardar a regulamentação para avaliar seus efeitos?
H.M. – A reforma representa um avanço, pois simplifica substancialmente o sistema. Entretanto, a regulamentação será decisiva, uma vez que ainda persistem diversas questões pendentes, especialmente no que se refere a benefícios fiscais específicos, que contribuem para a complexidade do modelo.
Quando estive na Secretaria da Fazenda, firmamos um acordo entre todos os secretários estaduais para apresentar um projeto de simplificação tributária. Essa iniciativa já visava reduzir a burocracia e aprimorar o ambiente de negócios. É fundamental acompanhar a implantação das regras para que os objetivos de simplificação e eficiência se concretizem.
Felipe Salto – Quando o senhor esteve no Ministério da Fazenda, no governo Michel Temer, conseguiu implantar uma regra rígida – a do teto de gastos. Na época, um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), conduzido por Marco Antonio Cavalcanti, demonstrou que a aprovação dessa medida reduziria as taxas de juros de longo prazo. Como o País pode reduzir seus gastos?
H.M. – É necessário um Poder Executivo comprometido com essa agenda e que reconheça a importância do ajuste fiscal. Sempre alimentei essa convicção, mesmo antes de assumir o Ministério da Fazenda, alertando sobre a relevância de impor limites aos gastos públicos. Há economistas – especialmente de certas correntes acadêmicas – que defendem o aumento do dispêndio estatal como motor de crescimento. Quando fui ao Congresso discutir essas medidas, lembro-me de debates intensos.
Um deputado, por exemplo, sustentava que a reforma da Previdência forçaria os brasileiros a trabalhar até o fim da vida. Respondi: “O problema é que o Brasil não consegue mais pagar os benefícios como são definidos atualmente. ”. Em seguida, ele disse que tinha que sair. Perguntei o porquê, quando discutíamos assuntos tão importantes. Respondeu que iria à festa de uma amiga que, então, comemorava 20 anos de aposentadoria. Eu disse: ”O senhor acaba de dar um exemplo de porque é necessário um aumento na idade mínima para requerer o benefício”. Em última análise, a questão central é ter coragem para cortar os gastos públicos, o que é essencial para garantir um ambiente econômico estável.
O mercado precisa de regras consistentes – um País com custo de vida controlado, juros baixos e um ambiente propício para investimentos e crescimento. Esse é o caminho. Quando assumi o Ministério da Fazenda, em maio de 2016, o Brasil enfrentava uma das piores crises de sua história. Nos 12 meses anteriores, de julho de 2015 a maio de 2016, o PIB recuou 5,2%, medido de ponta a ponta – uma das maiores retrações já registradas por um país que não estava em guerra. Implantamos uma política fiscal integrada à monetária, e a inflação recuou rapidamente, possibilitando que o Banco Central reduzisse a taxa de juros. Esse ajuste foi determinante para a recuperação econômica.
Nelson Cury Filho – Quando o senhor foi convidado pelo presidente Lula para assumir o Banco Central, entre 2002 e 2003, estabeleceu como única condição a autonomia da instituição. Contudo, na época, não existia legislação que garantisse essa independência. Para muitos, é intrigante compreender como o senhor manteve essa liberdade durante os oito anos de gestão.
H.M. – No início, foi apresentado um projeto de lei dando independência ao Banco Central. Houve uma forte resistência tanto de setores da esquerda quanto de outras correntes políticas. Ficou claro, diante desse cenário, que não seria possível sancionar a proposta de autonomia naquele momento. O presidente me chamou e disse: “Meirelles, não será possível aprovar esta lei”. Respondi: “Temos um acordo de independência, e eu vou honrar esse acordo, mas como a lei não foi aprovada, o senhor terá a prerrogativa de me exonerar”. Apesar da ausência de uma legislação específica, essa autonomia foi respeitada ao longo do período, permitindo que o Banco Central atuasse de forma técnica e sem interferências políticas.
Nelson Cury Filho – Henrique Meirelles, o senhor considera que os atuais níveis da taxa Selic estão adequados ao momento econômico que estamos vivenciando ?
H.M. – Quando há uma forte expansão fiscal, a taxa de juros precisa ser elevada para conter as pressões inflacionárias. Tanto que, quando aprovamos o teto de gastos em 2017, a inflação recuou de forma expressiva, e os juros acompanharam essa tendência. Se as políticas fiscal e monetária seguirem rumos opostos, o equilíbrio será obtido com uma taxa de juros mais alta. Um exemplo histórico disso ocorreu nos Estados Unidos, durante o governo Nixon, quando a inflação atingiu patamares inéditos nos Estados Unidos.
Ao assumir a presidência, Jimmy Carter enfrentou o desafio de uma alta nos preços. Para enfrentar a situação, nomeou Paul Volcker para comandar o Banco Central. Volcker elevou a taxa de juros para 21%, submetendo a economia a um forte ajuste. Embora tenha sido um período difícil, Carter manteve o apoio à estratégia. Como resultado, o avanço de preços foi contido, a economia estabilizou e o país ingressou em um ciclo de 20 anos de crescimento sustentado, com juros e inflação baixos.
Felipe Salto – Se o senhor ainda estivesse no governo, a situação certamente seria diferente. O câmbio e os juros não precisariam estar tão elevados, e o crescimento poderia ser maior se o equilíbrio fiscal fosse mantido, não é, ministro Henrique Meirelles?
H.M. – Alguns setores do pensamento econômico acreditam que é necessário expandir os gastos para estimular o crescimento, confiando que haverá uma elevação na oferta de bens capaz de compensar a maior demanda gerada pelo aumento da quantidade de dinheiro em circulação. A história mostra, no entanto, que essa resposta da oferta não ocorre com a agilidade desejada, e o resultado costuma ser uma pressão inflacionária. Em 2002, Lula foi persuadido a adotar uma postura mais centrista durante a campanha, visando conquistar o voto do eleitorado moderado. Foi nesse contexto que ele assinou a “Carta ao Povo Brasileiro”, um compromisso que, entre outras coisas, enfatizava a responsabilidade fiscal.
Nutria essa convicção antes mesmo de aceitar o cargo no Banco Central e sempre trabalhei para fortalecer a disciplina fiscal. O resultado da responsabilidade fiscal, aliada a uma política monetária dura quando necessário, foi a criação de quase 11 milhões de empregos no período, com um crescimento médio de 4% ao ano. Entre 2005 e 2010, os índices de preço oscilaram em torno da meta – três anos abaixo e três anos acima, com uma média compatível com o objetivo estabelecido –, o que possibilitou a expansão do crédito e o crescimento. Alguns anos depois, entretanto, voltou a predominar no governo a crença de que o aumento do gasto público levaria, automaticamente, ao crescimento com a estabilidade dos preços garantida.
Plateia – Até que ponto o Executivo fica submisso ao Congresso na aprovação de medidas para melhorar a economia, especialmente no controle dos gastos públicos?
H.M. – Não há dúvida de que, em uma democracia, é imprescindível dialogar com o Congresso. Mas o fundamental é apresentar propostas consistentes. Minha experiência com a aprovação do teto de gastos demonstra que, com trabalho intenso, é possível conquistar apoio para medidas responsáveis.
É importante compreender que a política transcende as questões econômicas. Lembro que, ao chegar ao Brasil vindo de Boston, candidatei-me a deputado federal, fui eleito, mas renunciei, para assumir o Banco Central. Durante a campanha, vivi uma situação curiosa. Após um discurso, um cidadão disse: “Belo discurso, doutor, mas o que o senhor vai fazer por nós?” Perguntei qual deputado ele apoiava. Ele citou um nome e eu perguntei se ele estava atendendo às expectativas. Ele disse que sim: “” Devolvi: “E o que ele fez”? A resposta – “Arrumou um emprego para o meu irmão, conseguiu uma verba para asfaltar o acesso à fazenda do seu Manoel… Essa experiência me auxiliou a compreender melhor a dinâmica política no Brasil.
Plateia – O senhor morou muitos anos nos Estados Unidos. O que mais lhe chamou a atenção no comportamento dos empresários americanos ministro Henrique Meirelles
H
.M. – A mentalidade empresarial. Nos Estados Unidos, há um alto padrão educacional e uma cultura firmemente capitalista. Contudo, o que realmente se destaca é que o empresário americano não espera intervenções ou ajudas governamentais. Se não houver entraves, ele assume a condução de seus negócios e faz acontecer.
Plateia – O que devemos fazer ministro Henrique Meirelles?
H.M. – O que Brasília precisa fazer é criar as condições básicas para que possamos trabalhar. O País cresceu um pouco além das expectativas do mercado nos últimos dois anos, principalmente devido às reformas implantadas pelo governo Temer, como a Trabalhista e a da Previdência. Esse é o motor do crescimento nacional.
Sou bastante otimista quanto à educação. Desenvolvi um plano nesse campo com duas vertentes: a primeira é a capacitação profissional – algo que o Sistema S já realiza, mas que o governo também deveria promover –; a segunda é o fortalecimento do ensino básico, que, a longo prazo, é a mais eficaz. Certa vez, em uma visita a Singapura, perguntei ao Chefe de Governo o que havia feito de mais importante para que Singapura tivesse um crescimento impressionante. Ele respondeu: “Fiz três coisas: primeiro, investimento em educação; segundo, investimento em educação; terceiro, investimento em educação.”
Plateia – Observamos uma carga tributária crescente e um cenário bastante desfavorável para as empresas. Até onde isso pode chegar Sr Henrique Meirelles?
H.M. – O Brasil já tem uma carga tributária muito elevada. Um aumento maior acabará prejudicando o crescimento. Isso terá de ser revertido em algum momento, mas é necessário cortar despesas. Como existe uma expansão fiscal e o governo não conta com recursos abundantes, resta o aumento da dívida e dos tributos. Recentemente, assisti a um vídeo interessante de Margaret Thatcher, durante o qual afirma que o problema reside no fato de que quem está no governo, ao aumentar os gastos, pensa que terá mais influência e, consequentemente, maior popularidade. O problema é que restam apenas uma maior dívida e juros elevados.
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