As primeiras medidas do segundo mandato de Donald Trump e suas consequências para o Brasil e o mundo foram analisadas pelo cientista político Christian Lohbauer no Family Office Coffee Ribeirão Preto 2025, evento realizado pelo FBFE e apoiada pelo Barclays Pivate Bank.
O que reserva ao Brasil e ao mundo o segundo mandato do recém-empossado presidente norte-americano Donald Trump? Com a experiência acumulada em uma carreira que mescla vida acadêmica e passagens por cargos de destaque em governos, empresas e instituições da iniciativa privada, o cientista político Christian Lohbauer procurou desvendar as estratégias e os reais objetivos das primeiras medidas do novo presidente dos Estados Unidos.
Em sua apresentação, Christian Lohbauer deu destaque a iniciativas em áreas como o comércio exterior, sempre considerando em suas análises o intrincado jogo geopolítico, no qual Estados Unidos, China e Rússia movem suas peças.
Christian Lohbauer destacou que Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos, neste segundo mandato, com um poder inédito na história norte-americana. Além de conquistar a Casa Branca com uma grande dianteira nos votos popular e dos delegados nas eleições norte-americanas, iniciou o mandato com maioria na Câmara dos Representantes, no Senado e também na Suprema Corte do país.
Para ele, com a posse de Trump, está ocorrendo um processo de reorganização das influências no cenário mundial, que passam a ser regidas pela lógica da segurança. “A lógica era de uma economia muito mais financeira. Agora, estamos em um processo em que a segurança está vinculada”, explicou Christian Lohbauer.
Em seus primeiros passos como presidente, Trump acenou com uma tarifação de 25% sobre produtos do México e do Canadá, e de 10% sobre importações da China. As medidas, que provocaram ameaças de retaliações, foram interpretadas como início de uma guerra comercial entre os países. O novo presidente norte-americano também manifestou a intenção de anexar o Canadá, o canal do Panamá e a Groenlândia, que pertence à Dinamarca, o que provocou grande repercussão mundial. Também anunciou que rebatizaria o Golfo do México como Golfo da América.
Para o cientista político, as iniciativas são demonstrações do estilo de negociação de Trump. Segundo Christian Lohbauer,considerando-se a biografia de Trump como empresário, ele “entra para arrebentar logo na largada”, valendo-se de declarações fortes e anunciando medidas que muitas vezes não têm viabilidade. Depois de obter uma posição de vantagem nas negociações, ele atenua o discurso.
Essa estratégia de negociação, segundo ele, foi aplicada na questão das tarifas lineares anunciadas para o Canadá, o México e a China.
“Acredito que deverá haver uma extensão dos prazos e que, a partir daí, alguns produtos deverão ser realmente taxados, e outros, não”, disse. Ele não considera factível que ocorra uma tarifação linear para todos os produtos desses países.
Nas conversações com a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, por exemplo, Trump obteve o compromisso do governo do país vizinho de mobilizar 10 mil soldados da Guarda Nacional para a fronteira com os Estados Unidos para coibir o tráfico de drogas, em particular o fentanil, e conter a passagem de imigrantes ilegais, destacou Christian Lohbauer.
O cientista político acredita que o endurecimento do discurso em relação à Groenlândia e ao Canal do Panamá está associado ao crescimento da influência chinesa sobre importantes caminhos comerciais marítimos. Depois de curtas negociações com o governo panamenho, o país centro-americano anunciou que estava abandonando o acordo da rota da seda. Christian Lohbauer acredita que o mesmo acontecerá com a Groenlândia, com os norte-americanos marcando posição em uma rota comercial marítima que vem ganhando importância.
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