Garbellotto, a empresa familiar italiana de barris de vinhos com 240 anos
Continuando nossa saga de cases do Insead Family Business Enterprise Day, hoje vamos contar um pouco da história da empresa italiana Garbellotto.
A trajetória dos Garbellotto tem suas raízes na região de Veneto, na aldeia de San Fior, localizada nos arredores de Conegliano, próximo a Veneza. Giuseppe Garbellotto nasceu em 1754 e era carpinteiro quando, em 1775, abriu a primeira loja artesã de produção e reparação de barris e toneis, modelando a madeira em todas as suas formas. Mais para frente, seu filho Pietro e seu sobrinho Augusto Emilio, ambos nascidos em 1801, optaram por seguir seus passos: os três artesãos utilizaram, então, seus talentos não apenas nos barris e tonéis, onde os vinhos mais prestigiados amadureciam antes de ser engarrafados, mas também em móveis artísticos para, no futuro, montarem uma oficina. O projeto se tornou realidade em pouco tempo e, se tornando muito eficiente, empregou doze pessoas no quintal ao lado de sua casa.
Na segunda metade do século 19, Giuseppe foi sucedido por seu filho, Giovanni Battista, na governança dos negócios, que se manteria no cargo pelos próximos 50 anos. Após um período na gestão, Giovanni passou a ter assistência de seus filhos em sua gestão, incluindo a de Narciso, que nasceu em 1853. Enquanto isso, seu filho mais velho, Emilio, tomou seu caminho nos negócios da família e emigrou para o Brasil a fim de fundar a filial brasileira da Garbellotto. Atualmente, a filial ainda mantem as tradições da família, trabalhando ativamente na indústria de móveis com três empresas em Passo Fundo e Porto Alegre, na região sul do Brasil.
Voltando à Itália, Narciso era especializado na produção de barris de vinho e, gradualmente, com ajuda de dois de seus irmãos, conseguiu impulsionar o negócio do pai e do avô. Seu trabalho na manufatura personalizada (principalmente nas áreas da Lombardia e de Veneto) deu um disparo na fama da empresa, até que ela se tornou a distribuidora oficial aos porões pessoais de Charles of Habsburg, na época, o futuro líder do Império Austro-Húngaro.
Os negócios dos Garbellotto continuaram a prosperar por muito tempo, até a Primeira Guerra Mundial, quando foram obrigados a suspender a produção devido à ocupação de suas terras pelas tropas austro-húngaras. A loja de produção de barris e toneis, além de preciosos arquivos pessoais da família, foi completamente destruída na época. Nada sobreviveu àquele primeiro momento de terror, a não ser o amor que os membros possuíam pela sua arte.
Tal amor foi o principal impulsor de Giobatta Garbellotto, filho de Narciso, ao reorganizar a empresa adotando um modelo industrial. Ele se concentrou na produção de cascos, barris e toneis para recomeçar e transferiu os negócios para Conegliano, onde havia uma melhor infraestrutura pela sua proximidade com as estradas, facilitando o transporte do produto. Infelizmente, a segunda Guerra Mundial deu mais uma pausa na empresa.
Porém, melhores estruturados e com a mente mais clara, a saída desta vez foi mais rápida. Após se graduar na Escola de Vinho, em 1946, o filho de Giobatta, Pietro, passou a aprender os segredos de seu pai como um legado e, assim, pode o ajudar a se reerguer após os conflitos locais. Rapidamente o negócio se expandiu e a Garbellotto se tornou líder da indústria italiana no seu ramo e uma das melhores do mundo.
Muita história se passou até que hoje a empresa é líder mundial no setor da grande produção de barris, sendo gerida por três irmãos Garbellotto da oitava geração, Piero, Piergregorio e Pieremilio, e pela mãe deles Gregoria Bertini. Eles continuam a expansão dos negócios em todos os mercados mundiais, produzindo cerca de 45.000 hectolitros de barris por ano, com 70 funcionários e estão localizados numa área de 60,340 metros quadrados em Conegliano.
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