Logo na sequência da fala do Nelson Cury Filho, foi a vez da palestra de Antonio Gonzalez, Market Manager no J.P. Morgan Private Bank Brasil, que versou sobre a importância da diversificação global e investimento offshore. Ele foi mais um nome de destaque a falar no Family Business Investment 2022 no Rio de Janeiro.
Antonio Gonzales tem mais de 20 anos de experiência no setor financeiro. Juntou-se ao J.P. Morgan no ano de 2006, como responsável pelo Middle Office de mercados locais no Brasil. No ano seguinte, migrou à Asset Management, onde trabalhou como Portfolio Manager, responsável por estratégias de juros e câmbio no Brasil. Em 2016, Antonio mudou-se para Nova Iorque, integrando a equipe do Private Bank como investidor sênior para a cobertura de clientes brasileiros de alta renda.
Após dois anos, tornou-se Head de investimentos para o Private Bank Brasil, liderando uma equipe de investidores baseados em Nova Iorque e São Paulo. Em 2021, Antonio foi convidado a liderar a equipe Private Bank Brasil.
Antonio começou a palestra contando que até o J.P. Morgan já tinha sido uma empresa familiar no passado. O início do banco foi 1864 em Londres (e não nos Estados Unidos como todos acham) com Junius Spencer Morgan, pai de John Pierpont Morgan. E virou o que virou quando John foi para os Estados Unidos para fazer as operações gigantescas com a American Steel e General Electric. Com o Brasil, o banco faz negócios há 120 anos.
Os primeiros negócios foram para financiar a infraestrutura de alguns estados do país. Há uns 60 anos o J.P. Morgan tem presença local e conta hoje com cerca de mil funcionários no Brasil. “Nosso foco sempre foi offshore. É o que sabemos fazer bem. Somos o maior player do mercado e temos a maior plataforma”, conta Antonio.
Antonio salientou que iria falar sobre diversificação no dia do evento, mas que se houvesse qualquer dúvida a respeito dos serviços do banco no Brasil, seria um prazer esclarecê-las.
Sua fala começou abordando concentração, os empresários que deram certo, patrimônios que vieram do nada e alcançaram cifras extremamente grandes em um curto período.
“A diversificação é uma proteção”, Antonio citou a frase de um dos melhores investidores da história Warren Buffet. Antonio apontou que a Berkshire Hathaway, conglomerado financeiro de Buffet, não toma um tipo de risco único, nem em setor, nem geograficamente, nem em ciclo de mercado. Eles são super diversificados.
“A frase dele faz sentido? Faz. Por quê? Porque o investimento que ele faz nessas companhias é um investimento grande, relevante, mas diversificado que depende de alguns fatores específicos de risco, declara Antonio que cita ainda mais uma frase de Buffet de que gosta muito: “o mercado de ações é o mecanismo perfeito para tirar o dinheiro dos impacientes e transferir para os pacientes”.
Ele mostrou gráficos de retorno das ações da bolsa nos Estados Unidos desde 1980 até 2020 para mostrar o que acontece quando se deixa a diversificação para segundo plano. Aproximadamente metade das ações mostram performance pior do que o índice Russel 3000 porque o peso que se tem nos grandes ganhadores é enorme, só que o número de grandes ganhadores é extremamente pequeno.
“Se tivéssemos investido nos Estados Unidos US$ 100,00 no mercado de ações de forma diversificada (hoje não é mais possível), por volta de 2020, teria algo em torno de US$ 10.000,00”, conta Antonio.
“Interessantemente, 42% dos papéis tiveram retorno negativo nesse período, 66% deles tiveram retorno pior do que o retorno do índice e só 10% desses papeis tiveram um retorno consideravelmente maior”, conta.
A ideia do Antonio foi a de mostrar que a diversificação se torna uma ferramenta extremamente importante. Por que é possível ver uma companhia tendo um desempenho muito pior do que o do mercado?
A taxa de mortalidade das companhias mostradas nos índices da bolsa é interessante. Em 20 anos houve mais de 400 companhias que saíram do índice. A performance negativa e a mortalidade das empresas não acontecem somente por má gestão e sim por fatores que não se pode controlar como preço de commodities, fatores políticos, competidores estrangeiros, medidas regulatórias, patentes, fraude e inovação tecnológica.
“Ao falarmos de famílias, ao invés de mercado, a lista Forbes de 40 anos atrás, das 400 famílias mais ricas dos Estados Unidos em 1982, hoje figuram na lista menos de dez”, aponta Antonio.
“Hoje, 70% do que vemos na Forbes, são self-made families ou self-made people que saíram do zero e chegaram lá. Em 1982 eram 37% apenas. É importante olharmos para esse índice. Não há resposta fácil, mas a diversificação tira a empresa do risco”, aconselha ele.
E finaliza dando dicas de como fazer a diversificação: “como o investidor brasileiro investe? É difícil o brasileiro renunciar a um retorno de 13%, 14% que encontra por aqui. Mas tentamos mostrar que investimentos de longo prazo fazem sentido”, explica.
O mercado de equities brasileiro representa menos do que 1% do mercado mundial (ao comprar Bovespa, estamos de fato diversificando?).
A participação do mercado de renda fixa do Brasil em relação a do mercado mundial é também muito menor. Talvez o mercado de capital do Brasil seja ainda um pouco menos desenvolvido do que o da média do mundo.
Quando se fala de diversificação não é suficiente falar só de investimento dentro do Brasil, uma potência mundial, embora o país vá se beneficiar desse momento pelo qual o mundo está passando.
De qualquer forma, do ponto de vista da diversificação, Antonio ensina que é preciso olhar mais para fora. “A exposição setorial do Brasil se comparada a exposição setorial do mundo, não tem nada a ver, não há tecnologia em nossa bolsa. Quando se compra Bovespa se assume riscos”, diz.
“Dá para comprar Brasil em dólar lá fora”, ensina. “O dinheiro varia muito mais aqui do que lá fora”. O maior dilema para o brasileiro é se investe nos juros ou se dolariza?
“É importante tirar a volatilidade e volto para Warrem Buffet, há de se ter paciência”, finaliza Antonio que diz que quem tem paciência é premiado a longo prazo e haverá sempre janelas negativas, mas o retorno virá a longo prazo.
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