O ditado universal “Pai rico, filho nobre, neto pobre” foi citado por Bruno Garfinkel como um ingrediente lúdico para trazer detalhes do case Porto Seguro durante palestra no Family Office Summit Brazil 2022, realizada dia 21 de novembro, no Hotel Emiliano, em São Paulo. Presidente do Conselho Administrativo de uma das maiores seguradoras brasileiras, o executivo revelou o esforço que empreendeu para afastar a companhia de um padrão negativo de negócios familiares: quebrar quando a terceira geração ingressa na empresa.
Ao falar brevemente sobre a história da empresa, Bruno Garfinkel citou o esforço do avô Abraão para comprar 51% da companhia, em 1972. O marco seguinte, promovido pela segunda geração – o pai Jaime – foi a abertura de capital, em 2004. Assim, para que o marco de sua geração ao chegar ao negócio da família fosse positivo e oposto ao padrão estabelecido, Bruno não se acomodou no cargo que ocupava na empresa. “Em 2017 pedi demissão e fui para o Conselho Administrativo e, em 2019, fui convidado para ser o presidente.”
Fundada em 1950 por Celso Colombo, a Piraquê é um exemplo de empresa familiar bem-sucedida. Tanto que, em 2018, foi vendida por R$ 1,55 bilhão. A terceira geração da família se viu diante do desafio de estruturar seu family office (Carpa) e tratar de questões de direito de sucessão.
O case Piraquê foi tema da apresentação de Celso Colombo Neto, fundador da Carpa Family Office, durante o Family Office Summit Brazil 2022, realizado no dia 21 de novembro, em São Paulo. Formando em Economia e com passagem pelo setor financeiro, Neto contou que a qualidade do produto e a construção de uma marca sólida possibilitaram o crescimento da companhia, mesmo diante de um modelo de gestão desafiador.
“Toda pessoa será profissionalmente melhor se souber o suficiente sobre sustentabilidade. Não é necessário ser expert, mas você não pode ser iletrado ou ignorante nessa área.” A afirmação forte, logo na abertura, deu o tom da palestra de Concepción Galdón, diretora do Centro de Inovação Social da IE University (Madri), durante a 4ª edição do Family Office Summit Brazil 2022, realizado dia 21 de novembro, no Hotel Emiliano, em São Paulo, e que reuniu 30 single family offices.
Para a afirmativa inicial deve ser aplicada aos family offices, diante da agenda ESG (Environment, Social and Governance – Meio Ambiente, Sociedade e Governança), um modelo de negócio sustentável que transcende métricas de crescimento e lucratividade, bem como propósitos internamente definidos ou a realização de ações de filantropia. No recorte de gestão empreendedora de negócios, a IE University da Espanha ocupa a 4ª posição mundial no tradicional ranking de escolas de negócios do jornal Financial Times (2022).
Terceira palestrante no Family Office Summit Brazil 2022, a advogada Lavinia Junqueira ressaltou a importância da governança em escritórios familiares para definir a visão, missão e valores que se pretende cultivar e expandir nos negócios e na forma como os familiares se relacionam com a respectiva atividade econômica.
“É importante ter um protocolo familiar, uma definição clara de obrigações de fazer e não fazer que vai direcionar a gestão do negócio. Trata-se de uma base comum para decisões de investimentos e preparação de planos de negócios”, explicou Junqueira.
As gerações mais jovens devem herdar nas próximas duas décadas a gigantesca cifra de US$ 84 trilhões, a maior transferência de riqueza da história. Essa fortuna refere-se às sucessões familiares que devem ocorrer nos Estados Unidos. A esperada migração gigantesca de recursos para os millenials (nascidos entre 1981 e 1996) e geração Z (1995 a 2010) deve acelerar a transição para um modelo de negócios mais sustentável.
A nova geração de herdeiros que assumirá o comando dos family offices e empresas familiares valoriza as práticas sustentáveis e, nesse sentido, acredita que as empresas precisam ter propósito e estar comprometidas e conectadas às questões sociais.