Famílias Empresárias e a Prevenção de Conflitos
“Famílias que construíram e pretendem perpetuar seu patrimônio, transmitir seu legado e sua história, devem se preocupar, não apenas em como vão educar seu filhos, formar sucessores, mas, em aprender a desenvolver mecanismos de diálogo e interação da família, para que, ao longo da vida, sejam comunicados os valores e princípios característicos de cada cultura familiar.
O mundo moderno, que, através da comunicação, encurta distâncias e facilita o acesso às informações, por outro lado, nos isola e afasta a interação pessoal, o famoso “olho no olho”, e é, justamente, o contato humano que faz toda diferença.Por isso, é tão importante que a família empresária, cujos vínculos são formados, não apenas pelos laços afetivos e genéticos, mas também patrimoniais, crie fóruns diferenciados de inteiração.
A implantação de um sistema de governança familiar permite alinhar os interesses e as necessidades desse ente, para, através do Conselho de Família, fomentar o diálogo entre seus membros, criar as regras de conduta de como a família irá conviver e conduzir o patrimônio comum, redigindo um “Acordo de Família”, além de estruturar de forma transparente os processos decisórios, que, de preferência, devem pautar o consenso.
O processo de construção da governança familiar deve caminhar atrelada a outra governança: a jurídico-sucessória, que tem por objetivo criar os instrumentos jurídicos, regular direitos e, principalmente, proteger o patrimônio familiar. Além disso, a Governança proporciona um benefício dos mais importantes para a família, consistente na prevenção de conflitos que, certamente, ocorrem quando, entre seus membros, não há uma comunicação aberta, ou, negligenciam seus próprios conflitos.
Evidente que se trata de prevenção e não de eliminação, na medida em que conflitos são parte da vida e são previsíveis que ocorram, pois, a partir deles, mudanças podem ser realizadas e muitos aprendizados acontecem. O que a família deve aprender é como lidar com os conflitos de uma forma positiva e, infelizmente, essa matéria não é ensinada nos bancos da escola. É preciso capacitação, auxílio externo para lidar com o próprio emocional, muita disponibilidade de escuta e, principalmente, colocar-se no lugar do outro.
Entretanto, mesmo com algum treino e capacitação, reconhece-se que é difícil lidar com certas situações conflitivas. O ideal é buscar recurso externo de um profissional da mediação, pessoa independente, capacitada para lidar com conflitos, que irá melhorar a comunicação entre os envolvidos, antes do agravamento e da escalada da crise, evitando a indesejável ruptura das relações. Bem por isso, avulta a importância de se contar com o concurso de um Mediador dotado de aptidão técnica, para ouvir as posições e prestar o auxílio na construção e formatação de uma solução que atenda aos respectivos interesses, sabido que a experiência profissional é fator decisivo nessa modalidade de pacificação social.
O processo de crescimento, fortalecimento e união de uma Família Empresária começa, muitas vezes, por uma semente lançada por um dos membros da família que, se bem disseminada, criará raízes profundas no aprimoramento das relações patrimoniais e afetivas, e, certamente, produzirá frutos em proveito de todos.”
Texto redigido por Alessandra Fachada Bonilha, consultora especializada em Family Business, idealizadora da ” De Família”. Saiba mais em: www.defamilia.com.br.
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