Empresa Familiar e os eventos imprevisíveis, como se proteger?
No início de novembro recebemos a noticia do trágico acidente envolvendo os executivos do Banco Bradesco. Nele estavam o presidente da Bradesco Seguros (e provável sucessor do presidente do Banco Bradesco) e o seu também provável sucessor na Bradesco Seguros. Em poucos minutos, veio abaixo um planejamento de anos, talvez décadas, dentro do Grupo.
Existem certos fatos capazes de influenciar acontecimentos da vida cotidiana. Dentre esses fatos, encontram-se eventos imprevisíveis e até mesmo inevitáveis, acontecimentos aos quais não podemos nos opor, porque se devem a uma força que somos incapazes de resistir e que ocorrem por motivos alheios à nossa vontade, sem que possamos impedir suas consequências.
Processos sucessórios também são passíveis de sofrer eventos repentinos. Mesmo que o planejamento seja muito bem elaborado e executado com sucesso, acontecimentos podem comprometer a sucessão, colocando os participantes em uma situação extremamente delicada. Além de planejar, formular estratégias e negociar, é necessário que estejamos sempre preparados para lidar com contingências inesperadas que podem ameaçar nossos objetivos em qualquer ponto do projeto. Temos sempre que pensar em um “plano B”.
Um exemplo prático sobre esse assunto, além do caso que citamos anteriormente, vem da Família Caltabiano, de acordo com uma matéria publicada na revista Exame. Fundador de um dos principais grupos de revenda de automóveis do Brasil, com representação de marcas como Toyota, Mercedes Benz, GM, Chrysler, Jeep, BMW e Land Rover, Bruno Caltabiano planejou com grande antecedência sua saída da linha de frente dos negócios. Como poucos diretores de empresas familiares, Bruno conseguiu uma sucessão tranquila e satisfatória ao ser substituído por seus dois filhos, João e Pedro, de 37 e 40 anos, respectivamente. Essa sucessão ocorreu no ano de 2000 e, até meados de 2007, a empresa cresceu seis vezes mais e já se preparava para abrir capital na bolsa de valores.
Outro exemplo de evento imprevisível em sucessão de empresas familiares foi relatado por matéria veiculada pelo site da Veja, que retrata a história da sucessão na FIAT pela família Agnelli. Presidente de honra da FIAT, Gianne Agnelli escolheu seu sobrinho, Gianne Alberto, em 1996, para ser o sucessor nos negócios. Porém, um ano após a sucessão, Gianne Alberto faleceu de câncer no estômago, com 33 anos de idade. Para ocupar o posto, foi necessário executar um “plano B” e preparar um dos netos de Gianne Agnelli, John Elkann.
Eventos imprevisíveis podem ocorrer em qualquer negócio, arruinando todo um planejamento.
Apesar de serem eventos não controláveis, é possível – e aconselhável – algumas normas de conduta para evitar ao máximo um possível dano, como por exemplo, não ter mais de dois diretores ou membros da família em uma mesma aeronave e veiculo, bem como manual de contingências em caso de grandes perdas.
É importante termos em mente algumas possibilidades que afetariam o processo sucessório, formulando, de forma paralela, um “plano B”. É possível que essa alternativa nunca seja utilizada, mas, caso necessário, a empresa terá uma saída para recorrer.
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