Cassio Bariani iniciou sua palestra no Family Office Summit Brazil 2025 relembrando a origem da SmartBrain, que nasceu dentro de seu próprio family office no fim dos anos 1990. “Em 2004, criamos o primeiro fundo da família e começamos a enfrentar um problema sério: a dificuldade de consolidar todos os extratos e posições de investimento de forma eficiente”, contou.
A partir dessa necessidade, a equipe começou a desenvolver internamente um sistema próprio para consolidação de carteiras, inicialmente como alternativa ao Excel. O projeto evoluiu tanto que, em 2010, a solução foi aberta para o mercado, dando origem à SmartBrain, hoje responsável pela consolidação de mais de R$ 310 bilhões em ativos.
“Resolver o problema da consolidação foi um divisor de águas. Isso nos permitiu personalizar classificações de ativos, estratégias e perfis de risco, trazendo muito mais agilidade para a gestão e impacto direto na rentabilidade ajustada ao risco”, destacou Cassio Bariani.
Bruno Salles, chefe de produtos da SmartBrain, palestrou ao lado de Barini e explicou como a empresa vem utilizando tecnologia para superar um dos maiores desafios do setor: a fragmentação de informações.
“O que antes era diferencial, entregar independência, segurança e confiabilidade hoje é o mínimo esperado. O desafio é romper a visão fragmentada e proporcionar uma jornada unificada ao investidor”, afirmou.
Para isso, a SmartBrain desenvolveu soluções como o SmartConnect, que se integra diretamente com casas de custódia via API, automatizando a captura de dados e reduzindo a necessidade de input manual. E mais recentemente, o AI Data Reader, que usa inteligência artificial para ler e interpretar PDFs e relatórios despadronizados, reduzindo o tempo de atualização de movimentos em até 30%.
“Essas ferramentas trazem ganhos reais: redução de back-office, mais eficiência e uma visão mais completa do patrimônio do cliente”, disse Bruno.
Cassio Bariani reforçou a importância da visão unificada do patrimônio, destacando que o sistema da SmartBrain não se limita a investimentos financeiros. “No Brasil, de 60% a 70% do patrimônio das famílias está em ativos ilíquidos ou imóveis. Não fazia sentido consolidar apenas a parte financeira. Desenvolvemos módulos para consolidar também os investimentos imobiliários e private equity”, explicou.
Essa visão integrada permite análises mais profundas e decisões mais estratégicas. “Quando você vê tudo junto imóveis, ativos ilíquidos e financeiros o poder de gestão cresce exponencialmente. Você passa a decidir com base em todo o seu portfólio, e não em partes isoladas dele”, completou.
O painel também abordou o futuro da gestão patrimonial. Para Bruno, o investidor moderno já é independente, exigente e orientado por dados, e a tecnologia tem o papel de tornar sua jornada cada vez mais fluida e personalizada.
Cassio destacou o potencial transformador da inteligência artificial aplicada à gestão de patrimônio: “Em breve, vamos interagir com nossos portfólios por meio de prompts conversacionais. Em vez de ler relatórios, você perguntará: ‘Qual a rentabilidade da minha renda fixa este mês?’ e o sistema responderá imediatamente.”
Além disso, ele apontou para a possibilidade de uso de IA na geração de insights de investimento preditivos, identificando padrões históricos e oportunidades com base em dados de mercado.
Cassio também destacou uma mudança estrutural no mercado brasileiro: a transição da assessoria para a consultoria de investimentos, modelo que reduz conflitos de interesse e aproxima o país das práticas internacionais.
“Hoje, vemos uma profissionalização crescente dos family offices e o surgimento de uma nova geração de consultores independentes. Isso exige ainda mais transparência e inteligência de dados para suportar decisões”, observou.
Encerrando a palestra, Bruno anunciou que as novas soluções da SmartBrain, incluindo o chat conversacional baseado em IA estão disponíveis a partir de novembro e quem tiver interesse pode entrar em contato para saber mais.
“Falamos muito sobre inteligência artificial, mas é essencial mostrar resultados concretos. Nosso foco é imprimir ganhos de eficiência e entregar uma experiência real de transformação para family offices e gestores”, concluiu.
O painel de Cassio Bariani e Bruno Salles foi um dos pontos altos do Family Office Summit Brazil 2025, reafirmando o papel do FBFE como palco das principais discussões sobre inovação, sucessão e gestão patrimonial no Brasil.
A mensagem que ficou é clara: na era 5.0, dados e tecnologia não são mais ferramentas são a base da boa gestão. E quem souber transformar informação em inteligência estará um passo à frente na preservação e crescimento do patrimônio familiar.
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