Francine Mendes, da “Elas que lucrem”, no FBFE Mulher 2021

Quem nunca se questionou sobre os rumos que a própria vida estava tomando? Foi em um desses momentos de autorreflexão que a economista Francine Mendes, sócia da Genial Investimentos, se perguntou se estava lucrando em todas as áreas da sua vida (nos relacionamentos, na maternidade e na vida profissional) e resolveu criar a primeira plataforma de investimentos voltada exclusivamente ao público eminino, o Elas Que Lucrem (EQL).
A trajetória de empreendedorismo de Francine tem início em 2005, quando fundou em Santa Catarina um dos primeiros escritórios de investimentos do estado. Durante o processo, percebeu que independência financeira e emocional são amigas inseparáveis. Logo, o fracasso em uma dessas áreas da vida pessoal levava ao insucesso na outra.
No FBE Mulher 2021, a economista apresentou em primeira mão o propósito do Elas Que Lucrem, que nasce para capacitar mulheres a serem independentes em suas emoções e nos seus investimentos. Afinal, qual é a diferença da mulher que lucra para a mulher que não lucra?
Segundo Francine, o lucro é uma palavra ligada ao universo masculino. O homem, culturalmente, lucra para poder prover a sua família e proteger as mulheres, que por sua vez, foram ensinadas a cuidar, servir e esperar proteção de uma figura masculina. Desmistificar esses estereótipos de papéis é fundamental para que as mulheres se interessem pelo lucro assim como pela família.
“Nessa construção social, ainda há muito julgamento. A mulher que resolve vestir a armadura de guerreira, é julgada. A mulher é identificada como frágil, mas estamos quebrando essa barreira cultural e queremos ir além”, destaca Francine da Elas que Lucrem.
Para a sócia da Genial Investimentos há algumas diferenças básicas, porém cruciais, entre a mulher que lucra e a mulher que não lucra. Essas diferenças permeiam todas as esferas da vida, não só financeira. São elas: senso de realidade e de responsabilidade sobre a própria vida; ter um projeto claro e saber aonde se quer chegar, além de autoconfiança, que gera a capacidade de acreditar em si mesma.
Entre as 10 pessoas mais ricas do Brasil, quantas são mulheres? Apenas duas: Luiza Helena Trajano e Dulce Pugliese, que construiu a rede de saúde Amil. Mais do que promover mudanças, essas são mulheres que têm um projeto muito claro na cabeça.
Já na mais recente lista de bilionários da Forbes, não há mulheres entre as 10 pessoas mais ricas do mundo. E por que isso acontece? Talvez as mulheres sejam menos capazes de acumular riquezas do que os homens? Não! As mulheres, em geral, acreditam que os homens são tarefas relegadas aos homens. Quanto mais eles lucram, mais as mulheres os admiram.
“Um dado assustador é que a cada quatro mulheres, três empobrecerão na velhice. Mas empobrecer em qual sentido? O padrão de vida cai drasticamente ao longo da vida porque as pessoas não planejam o futuro e com qual padrão de vida desejam envelhecer. As mulheres vivem mais que os homens. Em média, sete anos a mais. Um a cada dois casamentos termina em divórcio. Então, é necessário prestar atenção e se preocupar com essas estatísticas”, alerta Francine fundadora da Elas que Lucrem.
A mulher que deseja brilhar, precisa estar capacitada e preparada. Apta para tomar espaços sem medo, sem temer julgamentos. A segurança intelectual é o que permite a participação de igual para igual.
Educação para o futuro
Para Francine é importante criar e educar os filhos para mudar a realidade machista. Atualmente, a mulher tem participação de apenas 25% entre os investidores na Bolsa de Valores.
“Até os 15 anos de idade, o número de contas financeiras para meninos e meninas é praticamente o mesmo. Após os 15 anos, são depositados mais recursos nas contas dos meninos do que das meninas” diz Francine Mendes da Elas que Lucrem.
Embora ainda sejam minoria nos investimentos e tenham remuneração menor do que os homens, o público feminino dita o consumo do mundo: as mulheres consomem 70% do que é produzido globalmente; 75% das decisões de compras; e entre 2016 a 2019 acumularam riqueza a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 6,1%.
Invista com inteligência
O que são investimentos inteligentes? Uma carteira super bem equilibrada. Há uma confusão entre fluxo de caixa e independência financeira. Existem mulheres que têm uma renda altíssima, em torno de R$ 100 mil ao mês, fruto do próprio trabalho e, consequentemente, um padrão de vida altíssimo, mas esquecem de investir na mesma proporção.
“As pessoas pensam que o maior ativo é o dinheiro, mas não. O maior ativo de uma pessoa é o tempo. E o tempo é favorável aos investimentos. Quanto mais tempo os recursos ficam investidos, mais os juros compostos atuam a favor do seu dinheiro” alerta Francine fundadora da Elas que Lucrem para as participantes do FBFE Mulher 2021.
Há mitos que fazem as mulheres acreditarem que investir é difícil, delegando decisões ao gerente do banco. Uma falácia! O ideal é a busca por plataformas neutras, independentes, que ofereçam produtos de diversos bancos e que se encaixem melhor no seu portfólio.
Por onde começar?
Para ajudar outras mulheres a construírem uma carteira inteligente, Francine criou o método OJI, que de forma super resumida consiste em:
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Quadrante O: 20% dos investimentos devem ser destinados para a reserva de emergências e de oportunidades. Esses recursos ficam alocados em produtos financeiros com baixa volatilidade e altíssima liquidez, como o Tesouro Selic, os CDBs com liquidez diária e os Fundos DI;
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Quadrante J: 40% dos investimentos alocados em Renda Fixa, diversificando o capital entre diferentes produtos financeiros, tais como a LCI, LCA, debêntures e CDBs com vencimentos mais longos;
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Quadrante I: 40% dos investimentos alocados em Renda Variável, diversificando o capital entre ações de boas empresas, ETFs, fundos imobiliários, BDRs e criptomoedas.
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