Acionista da maior empresa de logística do Brasil, Fernando Simões acredita em uma sociedade mais justa, na qual o dinheiro é meio e as pessoas são fins.
Aos 16 anos, enquanto os amigos do colégio, em Mogi das Cruzes, iam se divertir no clube após as aulas, ele passava as tardes trabalhando na empresa da família, ao lado do pai e do avô, Julio Simões, fundador da JSL, a maior empresa logística do País. “No começo foi meio a contragosto, mas, com o tempo, percebi que era um aprendizado ótimo”, afirma.
O ritmo seguiu puxado durante a faculdade de direito – trabalhava de dia e estudava à noite. Fez de tudo um pouco. Na época, a empresa era menor e se chamava Julio Simões. Mas já trilhava o caminho do sucesso. Nessa jornada empresarial, a família sempre buscou preservar valores como humildade e o jeito simples do interior de São Paulo.
O pai e o avô faziam questão da participação do herdeiro como ouvinte em reuniões importantes com grandes fornecedores, bancos e também para decisões estratégicas. Nos dez anos em que ficou na empresa da família, aprendeu a arte da negociação, a lidar com pessoas e a enfrentar os desafios financeiros.
“Foi um privilégio e um grande diferencial ter visto de perto como meu ‘vô’ e meu pai acompanhavam e tocavam o negócio. Numa carreira normal de mercado, o que vivi nesses dez anos levaria uns 30.”
Em 2010, quando a JSL abriu capital, Fernando Simões Filho assumiu uma unidade de negócios e uma cadeira no Conselho de Administração do Grupo, posição que ocupa até hoje. Dois anos depois, decidiu então que era hora de investir em seu desenvolvimento acadêmico. Saiu do Grupo com a intenção de cursar um MBA no exterior, mas terminou fazendo essa especialização aqui mesmo no Brasil, pois conheceu e se encantou pelo conceito
de negócios sociais, cunhado pelo Nobel da Paz Muhammad Yunus.
“Era o que eu queria fazer, uma combinação quase perfeita de gestão social e gestão de negócios,com foco claro no impacto”, lembra.
Com o tempo, ficou cada vez mais claro para ele que o lucro não deve ser a única finalidade das empresas – elas precisam contribuir para o bem-estar da sociedade, e gerar impacto socioambiental positivo. Afinal, bem lembra ele, não é à toa que o nome de registro de uma empresa é “razão social”.
A criação em 2015 da Bemtevi – uma gestora que capta recursos para investimentos sociais e ajuda empreendedores a desenvolver negócios – hoje tem dois fundos de investimento e administra uma carteira de R$ 4 milhões. Fernando, de certa forma, está cumprindo um desejo do avô: pouco antes de falecer, em 2012, Julio Simões revelou ao filho e ao neto que gostaria de ter aproveitado melhor seu tempo e ajudado mais o próximo.
Doação, humildade e o jeito simples são valores que fazem parte do dia a dia de Fernando. Esta é a herança familiar que ele quer deixar como legado para as futuras gerações.
Gostou do Post?
Ele foi publicado na Revista FBFE #03. Caso queira receber a versão impressa da Revista FBFE e ter acesso gratuito a conteúdo exclusivo sobre governança familiar, profissionalização da empresa e gestão de patrimônios, CLIQUE AQUI!
TEXTO: Sueli Campo | FOTO: Renato Stockler | PUBLISHER: Ana Andrade Cury
Leia também:
-
Fundo Bemtevi: Dinheiro é meio e pessoas são fim, por Fernando SimõesFernando Simões: Bemtevi capta recursos de investidores, põe metade do capital em aplicações de baixo risco e empresta a outra metade a negócios selecionados que tenham fins sociais. Fernando Simões, um dos palestrantes do Family Office Summit Brazil 2019, define a Bemtevi como uma potência que impulsiona negócios justos e saudáveis…
-
O que fica para a próxima geração por Roberta SuplicyRoberta Suplicy trilhou seu próprio caminho unindo negócio e propósito Roberta Suplicy é neta e uma das 164 descendentes da matriarca Filomena Matarazzo Suplicy (1908-2013). Mãe de dois filhos, empresária arrojada, formada em arquitetura comanda hoje a Urban Remedy, referência no País em alimentação saudável. Ela começou bem jovem…
-
O que fica para a próxima geração? por Alex SeibelSem abrir mão da própria personalidade, Seibel conta qual a herança mais valiosa que leva de seus antecessores. Dedicação e trabalho duro são algumas das lições que Bernard Seibel deixou para seus descendentes. O imigrante polonês chegou ao Brasil em 1925, trabalhou em diferentes empresas até que, em 1961,…
TAGS: #acionista, #AnaAndradeCury, #Bemtevi, #conselheira, #Conselheiro, #Consultor, #consultora, #Edição, #Edição03, #empresafamiliar, #EmpresasFamiliares, #familiaempresaria, #FamiliasEmpresarias, #familybusiness, #FBFE, #FernandoSimoes, #FernandoSimoesFIlho, #ForumBrasileirodaFamiliaEmpesaria, #FotoRenatoStockler, #fundadora, #Gestora, #governançacorporativa, #governancafamiliar, #GrupoFamiliar, #herdeira, #investimentos, #JSL, #JulioSimoes, #negócio, #negociofamiliar, #negociosfamiliares, #Publisher, #revista, #RevistaFBFE, #sociais, #sucessora, #TextoSueliCampo, conselhodefamilia, Empresa, fundador, governança, herdeiro, sucessor
Comente